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Almanaque Virtual
Calçada por uma reflexão dolorosa sobre desapego, a trama de “Casa Grande” é si é provocativa, mas é sua forma o que melhor arrebata. Na sequência de abertura, a câmera olha para o mundo da elite de cima para baixo, com a mesma arrogância que, segundo o senso comum do cinema nacional, as classes abastadas teriam.
Critikat.com
A habilidade e a delicadeza com as quais o filme mostra a trajetória de Jean passa pela projeção no personagem de uma sincera recusa da etiqueta social, cuja infiltração pode ser implacavelmente descoberta nas relações aparentemente inocentes.
Instituto Moreira Salles
A essas qualidades, digamos, de roteiro (que incluem diálogos enxutos, precisos, com um ótimo “ouvido” para a fala dos vários grupos sociais) combina-se uma mise-en-scène inteligente e surpreendentemente madura para um estreante em longa de ficção.
The Hollywood Reporter
As agruras de um jovem de 17 anos do Rio de Janeiro são utilizadas como um prisma para explorar questões mais amplas enfrentadas pelo Brasil do século 21 em "Casa Grande", uma estreia segura e silenciosamente promissora do diretor e corroteirista Fellipe Barbosa.
CineClick
O filme de Fellipe Barbosa retrata, com sensibilidade e humor, o modo de vida e o pensamento de uma classe que insisite em reagir contra a justiça social. Por isso, o filme é desconfortável, ainda que seja necessário.
Cinemascope
De forma divertida, "Casa Grande", no fim das contas, serve para nos mostrar que quando os relacionamentos não são construídos sobre uma base sólida, problemas financeiros ou de cunho material são o menor dos problemas.
Cineplayers
O filme de Fellipe Barbosa é uma aula de organicidade na análise social com questões existenciais a partir do escopo juvenil. [...] Fellipe Barbosa coloca a relação empregado/patrão como base para o desenvolvimento de todo arco dramático do filme.
Cineweb
Barbosa é muito consciente de suas escolhas técnicas e narrativas e constrói a trama pela ocupação dos espaços por parte de seus personagens. Se, de um lado, existe a “casa grande” do título, obviamente existe a “senzala”.
Críticos.Com.Br
Alguns desenvolvimentos do roteiro não são plenamente satisfatórios (por exemplo, há certo grau de proselitismo discursivo quanto ao assunto cotas), mas a direção consegue manter aguçado o interesse da plateia pelo modo espontâneo como capta e retrata personagens e situações.
Diário de Pernambuco
Formado por uma sucessão de cenas afiadas que podem ao mesmo tempo divertir e provocar desconforto, "Casa Grande" é um filme de forte comunicabilidade, com um ritmo envolvente e uma linguagem clara. Percebe-se uma preocupação com o didatismo e uma intenção de atingir qualquer tipo de público...
Estado de Minas
[Fellipe] Barbosa é fã da narrativa clássica e não se envergonha disso. Ele conta uma história com princípio, meio e fim, outra raridade no habitual cenário experimental do cinema nacional. Ainda assim, não deixa de ser provocador.
Estado de São Paulo
A narrativa flui serenamente, com o diretor se dando tempo de contar detalhes, incluir narrativas e personagens secundários, e dar-lhes vida e verdade. Não é um filme perfeito, mas é daqueles que se veem e reveem seguidamente, sempre com o prazer de novas descobertas.
Folha de São Paulo
A crítica social é destilada com sinceridade e agudeza, sem esquematismos [...] A eficácia dessa história radica no roteiro - sem ousadias formais, mas muito bem feito e cheio de ressonâncias autobiográficas -, na riqueza de certos personagens e na qualidade dos diálogos.
Gazeta do Povo
Ao esboçar um retrato de transformações profundas na sociedade brasileira logo em um momento de polarização do país, "Casa Grande" pode parecer inflamável. [...] Mas o viés não é de sociologismo, de embate ideológico, de agressividade. É um retrato aguçado, comovente, divertido.
Papo de Cinema
Com bastante sensibilidade e sem exagerar nos pontos mais condenatórios [... o diretor] consegue atingir um discurso muito próprio, que permite que seus personagens se desenvolvam sem pressa nem atropelo, proporcionando as condições necessárias para que cada reviravolta surja naturalmente.
Rubens Ewald
É curioso que o filme tenha tido a sensibilidade de mostrar esta classe média alta sufocada, sem ver saída. Acho isso muito bom, o filme que é sobre alguém, justamente o espectador médio. O diretor é jovem e bom representante de uma geração que começa a florescer.
Zero Hora
Afora a óbvia analogia ao tratado sociológico lançado por Gylberto Freire no livro Casa Grande & Senzala (1933), [Fellipe] Barbosa faz um registro contundente e preciso da tensão social que aflora no país. Apresenta situações e personagens ricos em suas complexidades e contradições.
Cinética
"Casa Grande" quase chega a ensaiar se tornar extensão ficcional de "Doméstica". [...] Por algumas escolhas de roteiro e mise en scène, o filme aproxima-se demais de um discurso que, se não pré-fabricado, coloca-se muitas vezes na posição de querer fazer sua parte ao simplesmente colocar o dedo nas feridas.
O Globo
À medida que avança em direção a confrontos inevitáveis, esse cuidadoso registro familiar e social parece servir à defesa de uma tese, cuja moral não é difícil antecipar desde o início, e perde força por causa disso.
Rolling Stone
O diretor Barbosa faz do jovem seu alter ego. Assim, questiona a bolha elitista, a falta de contato com a realidade e a relação patrão-empregado. "Casa Grande" mostra os sentimentos de um país polarizado, como pode ser sentido nas recentes manifestações.
Télérama
A crítica social é pertinente quando o diretor revela a complexidade das relações entre patrões e domésticas. Infelizmente, esta crítica revela-se demonstrativa quando os diálogos se transformam em panfleto político.
Revista Interlúdio
[...] é com pregação para convertidos que nos afastamos da possibilidade de se fazer verdadeira arte. "Casa Grande" reverbera esse problema, ainda que as cenas de família no início levem a algo mais sutil e interessante.