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    Jauja
    Críticas AdoroCinema
    2,0
    Fraco
    Jauja

    Filme-ostentação

    por Renato Hermsdorff

    Antes de mais nada, Jauja é um filme-ostentação. Uma coprodução entre Argentina, Dinamarca, França, México, EUA, Alemanha, Holanda e até o Brasil, o longa do argentino Lisandro Alonso (Liverpool) foi filmado em cenários nada óbvios do país hermano e também em terras da nação nórdica. A beleza das locações transborda da tela, através de uma fotografia (assinada por Timo Salminen) dessas para emoldurar e pendurar em destaque naquela parede da sala.

    Sem uma grande história pra contar, no entanto, trata-se de um filme centrado na imagem. Mas o que é o cinema, afinal, se não imagem? E será que a imagem, por si só, sustenta a experiência cinematográfica? A julgar por Jauja, a resposta é não.

    Uma espécie de filme-Instagram (o formato de tela é quadrado, tal qual Mommy, de Xavier Dolan, mas sem um propósito claro para o recurso, ao contrário do filme do canadense-prodígio), a produção acompanha a viagem de um oficial (que a sinopse diz ser um capitão) dinamarquês, chamado Gunnar Dinesen (vivido pelo mezzo dinamarquês mezzo americano Viggo Mortensen), que embarca para o "fim do mundo" (Ushuaia) com a sua filha (a também dinamarquesa Viilbjørk Malling Agger), a fim de trabahar como engenheiro no exército argentino (o que só é possível afirmar com certeza com a leitura da sinopse também). Lá, a menina resolve fugir com um jovem soldado e começa a saga do pai ao seu encalço.

    Nesse meio tempo ("meio" é bondade, porque a busca, em si, dura praticamente metade das quase duas horas de projeção, sem nenhuma contribuição significativa para a narrativa), ele encontra uma senhora (Ghita Norby, atriz famosa nas terras frias) que mora numa caverna e termina (acredite, não é spoiler), em um castelo na Dinamarca. E tudo praticamente sem trilha sonora (uma música, só, é executada no meio do filme). Como se vê, Lisandro não está muito interessado em contar uma história, mas mais em contemplar os olhos do espectador.

    O resultado, no entanto, é quase tão entediandiante quanto um besteirol americano (que, na cadeia cinematográfica estaria no extremos oposto conceitual). Não é preciso fazer concessão ao público para se chegar num resultado tocante, claro, mas a impressão que fica é que Lisandro realiza uma obra tão pessoal, quanto inatingível.

    Sem ter onde avançar no enredo (roteiro, história, ação, mensagem, chame como quiser), a estética hipster/ vintage da produção, tem seu público. Jauja venceu o Prêmio da Crítica da mostra Un Certain Regard no Festival de Cannes. Mas, imagem por imagem, o protetor de tela do Windows traz uns slideshows lindíssimos.

    Filme visto no 4º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, em junho de 2015.

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    Comentários

    • Ulisses A. Nenê
      Uma droga de filme, sem-pé-nem-cabeça, é incompreensível que tenha ganho algum prêmio.
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