"Despicable Me 3" (2017), terceira entrega da bem-sucedida franquia da Illumination Entertainment, continua a jornada de Gru, o ex-supervilão que agora leva uma vida mais pacífica como pai adotivo, ao lado de Lucy e suas três filhas. Dirigido por Pierre Coffin, Kyle Balda e Eric Guillon, e escrito por Cinco Paul e Ken Daurio, o filme apresenta uma nova dinâmica com a introdução de Dru, o irmão gêmeo perdido de Gru, e um novo vilão, Balthazar Bratt. O enredo mistura elementos familiares, comédia e ação, equilibrando humor e temas de reconciliação e identidade.
O enredo de "Despicable Me 3" segue Gru e Lucy em uma missão para recuperar um diamante roubado por Bratt, um ex-astro infantil transformado em vilão. A trama assume um tom leve e divertido, incorporando momentos de ação e comédia visual. O filme introduz uma reviravolta com a chegada de Dru, irmão gêmeo de Gru, um personagem com grande riqueza e um desejo fervoroso de seguir os passos de seu pai como supervilão. A tensão entre os irmãos, suas diferenças e semelhanças, é um dos pontos centrais da narrativa. O roteiro mantém a essência da franquia, com cenas rápidas de ação, piadas visualmente cômicas e a interação emocional entre os personagens, ainda que a profundidade da história não seja tão explorada quanto nos filmes anteriores. A revelação de que Gru é forçado a confrontar sua identidade como vilão, ao mesmo tempo em que tenta equilibrar sua vida familiar, funciona como um elemento emocional, embora a trama de Dru pareça subaproveitada, com o filme, por vezes, se concentrando mais em sua dinâmica cômica do que em um desenvolvimento mais profundo de seu personagem.
A atuação vocal de Steve Carell como Gru permanece impecável, equilibrando o tom de ex-vilão com sua nova faceta de pai protetor e relutante herói. Carell captura o dilema interno de Gru com uma mistura de vulnerabilidade e comicidade. Kristen Wiig, como Lucy, continua a ser uma excelente adição ao elenco, trazendo energia e simpatia ao seu papel como mãe adotiva. O destaque, no entanto, fica por conta de Trey Parker, que interpreta Balthazar Bratt. A escolha do ator para o vilão funciona muito bem, já que Parker traz uma intensidade divertida ao personagem, com seu estilo exagerado e hilário, baseado em um ícone da cultura pop dos anos 1980.
O desenvolvimento do enredo também é marcado pelo dilema interno de Gru, que reluta em aceitar sua antiga identidade como vilão, mesmo após a chegada de Dru. O filme lida com a tensão entre os laços familiares e a necessidade de se afirmar, em um enredo que, apesar de simplificado, toca em questões de aceitação, pertencimento e os desafios de equilibrar diferentes facetas da vida.
A cinematografia de "Despicable Me 3" é, como de costume, vibrante e visualmente cativante. A animação é bem executada, com cenas de ação dinâmicas que aproveitam a tecnologia 3D para oferecer uma experiência imersiva. A estética das cenas de ação, como as perseguições e batalhas envolvendo Bratt e seu robô, é particularmente eficaz, utilizando ângulos de câmera ágeis e movimentos rápidos para intensificar a emoção das sequências. As cores brilhantes e o design dos personagens, como sempre, têm um apelo visual que atrai tanto crianças quanto adultos.
A música, composta por Heitor Pereira e Pharrell Williams, acompanha bem a atmosfera do filme, com uma trilha sonora que mistura temas de ação e humor. A música, que inclui o "tema" de Bratt, incorpora elementos da cultura pop dos anos 1980, remetendo diretamente ao passado do vilão e ajudando a construir sua personalidade excêntrica. A canção "Despicable Me" de Pharrell, que se tornou icônica, também retorna, fortalecendo a identidade da franquia.
O final de "Despicable Me 3" oferece uma conclusão satisfatória, mesmo que previsível. A reconciliação de Gru e Dru, a captura do vilão Bratt e o retorno de Gru e Lucy à AVL marcam a resolução dos principais conflitos. No entanto, o final parece um tanto apressado, com o filme deixando algumas questões em aberto, como o futuro do relacionamento de Gru e Dru. A cena pós-créditos, com os Minions roubando a aeronave de Gru, estabelece uma abertura para futuras aventuras e mantém o tom irreverente da franquia.
Embora "Despicable Me 3" tenha sido um grande sucesso comercial, arrecadando mais de US$ 1 bilhão, o filme recebeu críticas mistas. Alguns críticos apontaram que o filme carece da profundidade emocional do primeiro longa e da intensidade da sequência, considerando-o mais focado na comédia e nas sequências de ação do que na exploração dos personagens. No entanto, o filme ainda conseguiu cativar o público, particularmente pela sua capacidade de entreter as crianças com suas piadas visuais e pela atuação carismática de Steve Carell. Em termos de bilheteira, "Despicable Me 3" foi um sucesso, tornando-se um dos filmes de animação mais lucrativos da história, o que reflete o apelo duradouro da franquia. O filme mantém sua capacidade de entreter, mesmo que não apresente grandes inovações no enredo ou na construção de seus personagens.
De forma geral, "Despicable Me 3" é uma sequência sólida, com humor e ação suficientes para satisfazer os fãs da franquia, mas com uma narrativa menos impactante do que as duas primeiras partes. Apesar disso, o filme entrega o que promete: diversão, emoção leve e, principalmente, uma continuação para um universo cativante que tem se mostrado popular entre diferentes gerações de espectadores.