“A arte de perder não é nenhum mistério
tantas coisas contém em si o acidente
de perdê-las, que perder não é nada sério.
Perca um pouco a cada dia. Aceite austero,
a chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.”
Todo filme que nos leva para um problema atual ou nos arrasta para uma época e nos coloca de frente com os problemas da época (no caso desse filme), tem que ser olhado com muito carinho.
Esse filme se passa nos anos 50 no Brasil, um país cheio de problemas, mas, entretanto, esperançoso, é nesse cenário que se conta a história de Elisabeth Bishop e Lotta de Macedo Soares.
Elisabeth é uma poetisa norte americana tímida, insegura, que não se encherga na sua própria poesia, que se limita a recitar algumas estrofes para o amigo Kal. Com o intuito de evoluir, Elisabeth vem ao Brasil e acaba conhecendo Lotta, atual namorada de uma amiga de faculdade de Elisabeth.
Logo na chegada ao Rio de Elisabeth, fica bem clara a divergência com Lotta. Esta última uma mulher forte, um tanto masculina, seja nas suas atitudes como no seu comportamento. Diferente de Elisabeth que é tímida, meiga e sensível.
Dentro desta divergência de temperamento e personalidade entre as duas que surge uma paixão, aí que vem uma questão, à primeira vista, as duas se encaminham para uma inimizade ou afastamento, mas em pouco tempo surge um amor avassalador. Acho que o diretor poderia ter trabalhado mais o surgimento desse amor, ficou quase que instantâneo esse amor todo.
Bom continuando, partindo dessas diferenças e culminando num amor, Elisabeth acaba por ficar no Brasil para viver esse amor, de forma que sua poesia se encontra, ressurge ou se cria nesse amor. Elisabeth fica mais solta, fica mais leve ou mais viva.
Mas, Elisabeth pensa que essa modificação existente nela vem da força de Lotta, e quando Lotta se entrega a outro projeto arquitetônico e Elisabeth sente falta do convívio com a amada, é que Elisabeth se entrega ao alcoolismo e quase que força um fundo de poço. Foi à beira desse abismo do alcoolismo que Elisabeth recebe um convite para voltar a NY e aceita, a fim de se libertar dessa dependência de Lotta.
Mas com a partida da amada, quem desmorona é Lotta, que acaba num hospício. Veja que os papéis se invertem a força de uma passa para a outra, ou a fraqueza de uma some, quanto a da outra verte.
Passado algum tempo, Lotta se recupera e consegui ir ao encontro de Elisabeth em NY, onde elas entendem os acontecimentos e percebem o amor entre elas ainda vive, mas não há mais espaço para ele.
Até que Lotta toma a decisão imperdoável.
O filme é muito interessante pelo ponto de vista da época e a problemática e como foi abordado esse problema. O Brasil a beira do golpe de 64 nem se falava sobre homossexualismo ainda mais em relação mulher e Barreto trata isso com uma naturalidade e foge para longe dos estereótipos.
Flores raras, grita amor, a falta de amor, ou amor em demasia. Flores raras fala sobre amor que não se vê, ou que não se sente, ou ainda aquele amor que liberta.