A missão não era das mais fáceis para um jovem cineasta promissor como James Cameron, vindo do êxito de critica e público do primeiro filme do Exterminador do Futuro: dar continuidade no universo que Ridley Scott começou perfeitamente com Alien em 79, um marco do terror e ficção científica. Cameron, escrevendo também o roteiro em parceria com os roteirista Dan O’Bannon e Walter Hill, toma uma decisão arriscada, mas acertadíssima, em mudar (parcialmente) o gênero e o tom da história – se o que impressionava com Scott no filme anterior era sua condução de suspense, desta vez, James Cameron consegue criar uma aventura de ficção exemplar, contada em um ritmo alucinante, por um roteiro bem construído – e ainda sendo lembrado até hoje como um dos melhores filmes de ação de todos os tempos.
Novamente, um dos destaques é a construção de sets e o visual do longa – o veterano Peter Lamont (da série James Bond) no design de produção e o fotografo Adrian Biddle, juntamente com os efeitos especiais de maquiagem de H.R. Giger, concedem ao filme uma estética belíssima, com recriações assustadoras das bases terrestres no planeta LV-826 – Cameron também mostra sua marca registrada ao conferir enquadramentos e movimentos de câmeras excelentes, sabendo muito bom como mostrar a ação – demonstrando seu perfeccionismo, tão bem visto em outros grandes sucessos seus, como Terminator 2, True Lies, Titanic e Avatar, é claro. Outro ponto a favor é a trilha-sonora do excelente James Horner, que utiliza o tema composto por Jerry Goldsmith em Alien, mas o eleva com novas composições para realçar a ação.
A história deste Aliens começa 57 anos após os eventos do filme passado. Ellen Ripley (Weaver) ficou vagando em estado de hibernação por todo esse tempo, até ser descoberta por um cargueiro da terra – despertando, ela toma consciência de que o planeta em que encontrou o xenomorfo assassino é agora colonizado pelos humanos. O advogado da empresa Wayland, que explora o planeta, Burke (Reiser), convence Ripley a voltar até lá, com uma equipe de soldados, para tentar descobrir o que aconteceu, já que perderam o contato os habitantes do local – chegando lá são recepcionados não só por um alien, mas sim, dezenas deles – formando um imenso ninho no meio da base.
Novamente, e desta vez com mais abrangência ainda, o roteiro confere um humanismo à Ripley que chega a quase comover – ajudado pela atuação vibrante de Sigourney Weaver – devo dizer que ela “nasceu para o papel”, mas seria injusto, afinal de contas ela é, realmente, uma atriz excelente – a forma como ela (e o roteiro) mostra a tristeza em descobrir que sua filha faleceu enquanto ela hibernava é algo tocante – que culmina com sua relação com a garotinha Newt (Henn), que ela tentará proteger no planeta hostil. Nuances como estas (que não foram informadas no primeiro filme) fazem toda a diferença para demonstrar a mudança pela qual Ripley passa até o final do longa – de assustada em retornar à enfrentar a criatura que matou sua tripulação antes, até se tornar uma mulher forte e corajosa – o que culmina em um dos confrontos mais antológicos da história do cinema – “Solte-a, sua vadia” é uma das frases mais memoráveis já ditas em um filme de ação – quem já viu sabe (e sente) o porque.
Apoiados ainda por ótimos coadjuvantes, como o capitão de Michael Biehn, o soldado covardão de Bill Paxton, a destemida Velasquez de Jenette Goldstein e o androide Bishop de Lance Henrikson – que oferece um comportamento totalmente diferente do Ash de Ian Holm no filme anterior – Cameron e Weaver entram para a história ao comporem, respectivamente, um dos melhores filmes de ação já feitos e uma personagem absurdamente carismática e naturalmente destemida. Um marco do gênero!