O novo filme dos irmãos Taviani é puro experimentalismo! E assim como quase todos os filmes conceituais, há coisas que funcionam, e outras que não. A premissa de misturar realidade e ficção dentro de uma cadeia, com os proprios detentos encenando uma peça é notável, mas não prende por todo o tempo, e, mesmo sendo bem curto, chega a cansar em alguns momentos. Pode ser o texto clássico, mas que cansa, ah... cansa. A fotografia aliada aos planos maravilhosos dos diretores deixam tudo com um ar mais "real", e contribuem para os momentos de sucesso pleno do filme. São sensacionais as cenas em que no meio da encenação, os atores começam a voltar para a realidade ou quando o, aparentemente, diretor da peça simplesmente para as cenas. É uma tentativa de desnortear o espectador, e no filme o resultado é simplesmente sensacional.
Embora eu questione o uso do preto e branco no filme, porque é completamente desnecessário, os filtros usados durante todo o filmes são bem bonitos e dão um aspecto completamente diferente e único.
Só elogios à trilha-sonora também. O tom que ela deixa em cada sequencia é tamanho que, sem ela, o filme seria fraco.
Os "atores", surpreendentemente conseguem encarnar muito bem essa brincadeira de encenar e não encenar, e, apesar de nenhum deles merecerem destaque (talvez apenas o que interpreta Bruto), funcionam muito bem como parte do todo.
Num geral, achei que o prêmio de Berlim foi um pouco superestimação demais. Os diretores têm obras mais interessantes e pertinentes. No entanto, nunca deixa de ser um bom filme, apesar de deixar a impressão que poderia ser um pouco melhor explorado.
PS: talvez os meus momentos favoritos no filme sejam os que compõem a "seleção" dos atores, muito bom.