Uma triunfante experiência cinematográfica e visual! Até o Fim, do diretor norte-americano J.C. Chandor é o Gravidade ambientado no mar!
Estrelado pelo ator/diretor Robert Redford, o filme descreve a história de um navegador experiente que está viajando pelo Oceano Pacífico, quando uma colisão com um contâiner leva à destruição parcial do veleiro. Ele consegue remendar o casco, mas tem a difícil tarefa de resistir às tormentas e aos tubarões para sobreviver, além de contar apenas com mapas e com as correntes marítimas para chegar ao seu destino.
Parcialmente, a narrativa do filme é visual. São poucas falas exibidas, porém, o longa consegue transmitir uma mensagem complexa através dessa convincente técnica.
Em Até o Fim, não é o roteiro, não é a direção, não é o elenco, mas sim, a história tênue, seu desenvolvimento quase artificial, mas que sobrevive ás beiras de cenas repletas do tocante, do visual, e que capta a intensa trama da película. O mais arriscado de Até o Fim é a proposta de filmar segmentos com apenas um personagem, cujo nem sequer tem um nome, tentando sobreviver a um acidente causado por um contêiner, e logo, embarca numa desesperada e lenta jornada que se inicia, prolongando-se por oito dias. Cada ação projetada dentro do roteiro depende da cativante performance de Robert Redford, aos seus 76 anos, aplaudido e agraciado nas premiações deste ano. E tudo no filme é de Redford, é para Redford. O cenário foi construído para abrigar Robert Redford e seu marcante desempenho. É bom lembrar que não é todo dia que se faz filmes como Até o Fim, que usufrui de técnicas recheadas do ortodoxo, características básicas de um filme independente, norteado por uma história que se prolonga, mas não cansa o espectador. Até o Fim se afasta de filmes clichês tratando do mesmo tema, Titanic, Náufrago, O Navio Fantasma, Poseidon, todos esses filmes tem uma característica em comum: todos eles retratam autenticamente a mesma história dentro de planos diferentes, para manter uma condição de refazer seu público, que na maioria das vezes, funciona, e prevalece nesse tão diverso mundo do cinema. Porém, em Até o Fim é impossível ver algo igual, tanto que o filme se auto-transforma num gênero e reproduz algo impossível de se descrever com palavras. É uma linguagem própria do roteiro, a linguagem do visual, que reproduz impactos que surgem de diversas maneiras ao longo da película, em seus 103 minutos repletos de uma aventura infinita num mundo tão próximo, e ao mesmo tempo, afastado de um possível retrato humano da usual.
O roteiro e como ele é utilizado dentro do filme é o que mais choca, mais surpreende. Um autêntico e bravo impacto desconcertante, Até o Fim não é uma viagem mágica e profunda como As Aventuras de Pi, não tem a braveza de Náufrago, mas com certeza, é um marco na história dos filmes independentes americanos. O filme causa uma impressão realista e natural, te leva para um exterior desbravante da esperança humana, dentro de padrões um tanto profundos e vastos como o ambiente onde é retratado, o Oceano Atlântico. Prepare-se para uma transtornada e belíssima viagem numa história universal, e então, se encante com um final quase surrealista, que surge deslanchando as marés do Atlântico, entrelaçando as ondas da esperança, numa poesia visual extremamente magnífica!