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    Straight Outta Compton - A História do N.W.A.
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    Straight Outta Compton - A História do N.W.A.

    Empire do rap

    por Lucas Salgado

    Uma das grandes surpresas de bilheteria do ano, Straight Outta Compton - A História do N.W.A. faturou US$ 160 milhões apenas nos Estados Unidos, um valor considerável para uma produção orçada em US$ 28 milhões. Agora, o filme chega aos cinemas brasileiros deixando uma questão principal: será que uma história tão americana, sobre um movimento bem específico da cultura musical nos EUA, sairá bem nas bilheterias do Brasil? É difícil imaginar que irá repetir números tão bons (proporcionalmente, é claro), mas uma coisa é certa: o filme tem seu valor.

    Mesmo contando com problemas de ritmo e desenvolvimento, culpa dos 147 minutos de duração, o longa consegue despertar interesse em quem não gosta do estilo musical ou não está familiarizado com o grupo. A trama, como o longo título nacional deixa claro, gira em torno do nascimento, ascensão e queda do N.W.A. (Negros com Atitude, na tradução literal), grupo formado por Eazy E, Dr. Dre, Ice Cube, DJ Yella, MC Ren e Arabian Prince, que marcou o movimento do rap nos anos 80 e 90.

    Numa região marcada pela violência, pelo tráfico de drogas e pela brutalidade policial, surgem jovens que veem na música um futuro. Ainda sem saber se conseguiram viver daquilo, eles lutam para fazer arte e transmitir as dificuldades do dia a dia em suas obras. Parece uma trama piegas digna de telefilme, mas a força da música e dos personagens fazem do filme algo maior.

    O longa destaca todos os membros do grupo e também passa pelas trajetórias de outros nomes do rap americano, como Suge Knight, Snoop Dog, Tupac e companhia, mas o foco está mesmo na dinâmica entre Eazy E, Dr. Dre e Ice Cube. O trio que cresceu em Compton formava a alma do grupo e o filme trabalha muito bem quais as funções de cada um.

    Voltando aos problemas de ritmo, o filme, por alguns momentos, dá a impressão de que continuaria eternamente, abrindo seu foco para diversos momentos da vida dos integrantes da banda. É possível imaginar que funcionasse bem como uma série de TV, como uma "Empire do rap". 

    Mas a verdade é que os méritos da produção são bem maiores que seus problemas. Conta com uma boa reconstituição de época e com momentos em que consegue transmitir a força do gênero/movimento musical, mesmo para quem não é muito fã ou desconhece o mesmo.

    Também trata de temas sérios, presentes no dia a dia daqueles jovens, como as drogas, a violência policial e o racismo. O elenco da produção está bem, principalmente Jason Mitchell como Eazy E e Corey Hawkins como Dr. Dre. É curioso ver Ice Cube ser interpretado por O'Shea Jackson Jr., que é justamente o filho de Ice Cube. Sua atuação não se destaca, mas é tão parecido com o pai que acaba dando autenticidade ao projeto. Além do que, Cube também está longe de ser um bom ator.

    Produzido pelos membros no N.W.A., o filme pode ser acusado de ser um pouco chapa-branca, mas não deixa de mostrar conflitos vividos pelo grupo, em especial a difícil relação com o empresário Jerry Heller, vivido pelo sempre competente Paul Giamatti.

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    Comentários

    • seqo sanwa
      lembro perfeitamente quando NWA entrou em cena com o Panic Zone, o Gangsta Gangsta, Boyz n´hood, Dopeman, ainda tenho os singles dos referidos em vinyl, em 88/89 rebentaram com o Straight outta Compton, depois o Cube saiu e as letras por consequência ficaram mais fracas, mesmo assim de salientar o EP 100 miles de 1990 e o Niggaz4Life de 91, em 92 saiu o The Chronic de Dr. Dre e foi a loucura, nascia o G Funk, lembro perfeitamente da guerra entre Ruthless e Death Row,eu sempre preferi a Ruthless. O filme não retrata completamente a realidade, mas é um excelente filme, principalmente para quem viveu esses dias, achei mal colocarem Arabian Prince de lado, o cara esteve lá desde o principio, também não mencionaram o 1ºalbum deles com o DOC, Ron Devu etc...
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