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Premonição 6: Laços de Sangue

Após 14 anos, Premonição 6 desperdiça uma premissa interessante e basicamente repete seus antecessores

por Rafael Felizardo

Iniciada em meados de 2000 através da criativa mente de James Wong, Premonição é uma franquia que se consolidou no universo do terror ao explorar um conceito deveras macabro: a inevitabilidade da morte. Desde o lançamento do longa-metragem original, o público presente nas salas escuras viu eventos cotidianos se transformarem em armadilhas criativas do destino, manipuladas por uma implacável mão invisível.

Desta forma, após um considerável hiato de 14 anos, Premonição 6: Laços de Sangue estreia nos cinemas de todo o mundo, estruturado em torno dessa cativante premissa que todos já conhecemos. Zach Lipovsky e Adam B. Stein são agora os cineastas responsáveis pela direção - nomes que chegaram a fingir a própria morte para conseguir uma chance no comando das câmeras.

Premonição 6 peca ao ficar na zona de conforto

Na trama de Premonição 6, acompanhamos a vida de Stefanie, uma jovem universitária que vem sofrendo com pesadelos amplamente vividos. Em seus sonhos, ela constantemente testemunha um grupo de pessoas morrendo de maneira trágica em um recém-inaugurado restaurante suspenso, ponto que a deixa com uma pulga atrás da orelha.

Stefanie então parte em busca de explicações, descobrindo que as visões que vem tendo estão relacionadas à sua misteriosa avó materna, Iris. Aparentemente, Iris salvou a vida de dezenas de pessoas na década de 1960, isolando-se de tudo e de todos após o acontecimento.

Warner Bros. Pictures

Um dos grandes problemas de Premonição 6 é que ele apresenta praticamente a mesma estrutura dos demais filmes da saga. A espera de 14 anos talvez tenha feito alguns acreditarem que a franquia, de alguma forma, se reinventaria, mas quem alimentou essa expectativa certamente saiu frustrado. A construção da nova trama é idêntica à dos filmes anteriores, incluindo as mesmas irritantes inconsistências lógicas.

Para não ser injusto, é possível reconhecer que Laços de Sangue inovou ao centrar seu enredo em um núcleo totalmente familiar, apresentando riscos mais pessoais para seus personagens. Entretanto, o elemento novo é rapidamente perdido em meio a um “Casos de Família” pouco convincente, carregado de um melodrama superficial.

A subtrama que conecta o passado de Iris aos outros longas também me parece ser frutífera, principalmente se bem explorada nos prováveis capítulos consequentes.

Premonição 6 explica um dos grandes mistérios da saga

Em um de seus pontos mais interessantes, Premonição 6 presta uma bonita homenagem a um ator que esteve presente em quase todos os capítulos da franquia. Durante os anos, Tony Todd interpretou com maestria o personagem William Bludworth, um enigmático agente funerário que funcionou como uma espécie de “Mestre dos Magos” (lembra de Caverna do Dragão?) para os mais variados protagonistas.

Neste longa, Bludworth ressurge em uma versão envelhecida, e sua origem é finalmente explorada como resposta a um dos maiores mistérios da saga. Vale lembrar que Todd faleceu em novembro de 2024, poucos meses antes de sua última dança chegar aos cinemas.

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Em outro de seus acertos, Laços de Sangue apresenta um dos personagens mais marcantes de toda a série: Erik Campbell. Interpretado por Richard Harmon, o figurão é um rockeiro lotado de piercings, tatuagens e de personalidade forte, responsável por considerável parte do alívio cômico do filme. E por falar em humor, Premonição 6 aposta mais nesse quesito do que suas contrapartes, e isso, sem sombra de dúvida, é um ponto positivo.

A Morte perde parte de sua essência em Premonição 6

Dentro do universo caótico criado por Zach Lipovsky e Adam B. Stein, a maior parte das mortes é sustentada por efeitos especiais duvidosos. Premonição 6 parece ter perdido um pouco de sua essência nas tragédias, quando em capítulos anteriores conseguíamos ver claramente a mão invisível do acaso controlando as engrenagens.

Quem acompanha a saga certamente se recorda dos perigos das toras de madeira, do cuidado com os ralos das piscinas ou mesmo de não beber em uma câmara de bronzeamento artificial; enquanto o novo capítulo será lembrado mais por suas quase-mortes do que pelo contrário.

Para se ter ideia, a sequência de abertura no restaurante-torre é inegavelmente um agradável cartão de visitas, mas nem se compara à ansiedade de morrer em um acidente mais verossímil de avião, em uma autoestrada ou em uma montanha-russa - como ocorrido em Premonição, Premonição 2 e Premonição 3, respectivamente.

Se em alguns dos longas anteriores o Ceifador Sinistro é uma presença implacável, em Premonição 6 ele continua a causar medo, mas definitivamente em uma escala menor.

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Vale a pena assistir à Premonição 6?

Apesar da pouca novidade no enredo, Premonição 6 ainda é um filme que vale a pena assistir nos cinemas. O drama familiar é clichê e as mortes não são tão marcantes como no passado, mas o longa compensa com personagens interessantes e uma bem-vinda dose de humor.

Além disso, para os fãs das homenagens, vale ressaltar que temos aqui uma obra lotada de easter eggs. Zach Lipovsky e Adam B. Stein entregaram ao público um capítulo que faz uma homenagem aos mais de vinte anos de franquia, principalmente após ficar estagnada por tanto tempo.

E para finalizar, em um ano onde tivemos lançamentos como Presença, Drop: Ameaça Anônima, Pecadores e mais, Premonição 6 não será a produção mais brilhante que você verá, mas com certeza te deixará na ponta da poltrona em alguns momentos.

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