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    7 Dias em Havana
    Críticas AdoroCinema
    1,5
    Ruim
    7 Dias em Havana

    Estereótipos de Cuba

    por Francisco Russo

    Filmes divididos em capítulos têm se tornado comuns de uns anos para cá, buscando sempre um tema ou um lugar como enfoque que o norteie como um todo. É assim com a série Cities of Love, que já rendeu Paris, Te Amo e Nova York, Eu Te Amo, e com filmes como Crianças Invisíveis e Cada Um Com Seu Cinema, feitos a partir de temas como a dura realidade das crianças e o amor ao cinema. Por mais que filmes neste estilo sejam interessantes, devido à diversidade de olhares sobre o assunto em questão, a regra geral costuma ser a instabilidade. Episódios bons e ruins se mesclam com relativa facilidade, também devido à diversidade dos diretores convidados para cada projeto. 7 Dias em Havana é mais uma vítima desta situação.

    O tema proposto é um olhar sobre Cuba, especialmente sua capital Havana. Sete diretores foram convidados a rodar um curta sobre o país, cada um em torno de 15 minutos, que ao todo formam os eventos de uma semana. Alguns personagens até aparecem em mais de um episódio, dando uma certa sensação de continuidade, mas a verdade é que o retorno vale apenas como curiosidade. O grande problema do filme é que ele lida apenas com os estereótipos de Cuba, sem jamais se aprofundar nas questões locais. É o país visto com o olhar do estrangeiro, que se delicia com a cultura local, a música e as mulheres sem tentar entender suas entranhas. No máximo passa por questões mundialmente conhecidas, como as dificuldades decorrentes do embargo americano ou a fuga do país em balsas improvisadas, como se fossem meras curiosidades locais.

    Os únicos diretores que conseguem fugir do trivial são Pablo Trapero e Elia Suleiman (foto abaixo). Trapero por tirar sarro de sua própria profissão, ao colocar o consagrado Emir Kusturica interpretando a si mesmo em um episódio onde aparece completamente bêbado. Em Havana para receber uma homenagem no festival de cinema local, Kusturica logo deixa o evento de lado e parte para o "lado oculto" de Havana, rumo à boemia. Já Suleiman, que também atua em seu curta, explora uma estranheza deslocada como observador, típica de seus filmes, como Intervenção Divina. Por outro lado, há o inacreditável episódio de Gaspar Noé, onde é mostrado um ritual de purificação (!!!) após um casal lésbico inter-racial ser flagrado. Por mais que represente a crendice local diante da descoberta, é de um absurdo extremamente ofensivo e também monótono, diante da narrativa explorada.

    Como um todo, 7 Dias em Havana desaponta justamente pelo que poderia vir a ser, caso os diretores envolvidos realmente tentassem conhecer a fundo a realidade do país retratado. O que se vê são situações até bem filmadas, mas banais. O melhor exemplo é o primeiro episódio, onde um jovem ator interpretado por Josh Hutcherson cai no famoso golpe do travesti, algo que poderia ser facilmente adaptado para qualquer país de natureza latina. É esta preguiça em criar situações interessantes sobre Cuba que norteia boa parte do filme, tornando-o uma mera repetição de clichês mundialmente popularizados pela TV e até mesmo por outros filmes. Fraco.

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