Sergio G. Sánchez constrói um roteiro com todos os clichês existentes no planeta e J.A. Bayona os coroa com uma das direções com mais falta de noção de tempo e espaço dos últimos anos.
Se há algo que salva esse filme, são as atuações de Naomi Watts e Tom Holland (esse, que por sinal, é um destaque e tanto do filme). Seus momentos de mãe e filho lutando pela sobrevivência são o que há de melhor aqui, mesmo que a todo o tempo a direção e a montagem pareçam querer sabotar a história que estão contando. Aliás, uma das melhores sequências do filme é aquela em que Lucas, num ato de profunda sensibilidade, resolve ajudar aos semelhantes no hospital. E o ator brilha. Uma pena que o desfecho da sequência seja tão absurdo e incoerente.
Enquanto os diversos furos saltam aos olhos, como por exemplo o sumiço de Maria na metade do filme, e o sumiço de Daniel sem que ninguém se importasse muito e, logo depois, seu reaparecimento repentino e tão pouco importante quanto, o diretor parece não se importar em ter sutileza, carregando a mão sobre todos os tipos de nojeiras, desgraças e closes desnecessários e longos. E o que é aquele slow motion completamente deslocado e de mau gosto no final do filme? Aliás, mau gosto é a palavra ideal pra descrever O Impossível.
A trilha-sonora, que é mais intrusiva e exagerada do ano até agora, anula completamente sua premissa baseada em fatos reais e muito interessante, e, unindo-se a todos os erros cometidos, faz com que o filme não passe de um relato forçado e raso sobre uma tragédia. Um filme-catástrofe dentre muitos, que seria completamente esquecido não fossem as atuações de seus protagonistas.
Afinal, como se emocionar com os personagens, se esse roteiro não oferece base alguma para a identificação, ou, ao menos, certa dose de compaixão?