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    Deixe-me Entrar
    Críticas AdoroCinema
    5,0
    Obra-prima
    Deixe-me Entrar

    Amor bandido

    por Roberto Cunha

    Algumas refilmagens hollywoodianas acontecem por motivos comerciais e outras por uma total preguiça do povo americano de ler legendas em filmes estrangeiros. Baseado no recente terror sueco Deixa Ela Entrar, sucesso junto a crítica e público que teve a oportunidade de assisti-lo, esse exemplar da terra do Tio Sam foi produzido a toque de caixa, mas não deixou por menos e o resultado é animador. É o que se nota, por exemplo, logo no início, quando o espectador vai ser capturado por uma trilha incidental assustadora do premiado Michael Giacchino, de filmes como Up - Altas Aventuras, Star Trek e até do famoso seriado Lost.

    Com cenas de abertura reveladoras apenas o suficiente para deixar você intrigado, o roteiro volta no tempo para que se conheça um pouco do jovem de 12 anos que vem comendo o pão que o diabo amassou na mão de colegas mais velhos na escola. Ou seja, para bom entendedor, uma palavra da atualidade basta: bullying. Filho de pais recém separados, Owen (Kodi Smit-McPhee) é pura angústia, dotado de hábitos estranhos e uma sinistra sede de vingança. É quando entra em cena a misteriosa vizinha Abby (a ótima Chloe Moretz), de idade parecida, que anda descalça na neve, é reservada e provoca nele uma imediata identificação. Certo de que está diante de alguém especial, o menino até fica confuso quando ela diz "não sou uma garota", mas o flerte com esse mistério exerce nele uma forte atração. E o que começou como uma amizade fraterna, torna-se a mais pura cumplicidade de atos inimagináveis. Embora aborde o tema vampirismo, Matt Reeves (Cloverfield – Monstro) não cai na vala comum e enfia um estaca na modinha, apresentando um roteiro bem construído e conduzido, levemente não linear, que junta a fome com a vontade de comer, representados pelo desejo de ser amado e de beber sangue.

    O elenco conta também com o competente Richard Jenkins, num papel pra lá de enigmático, tocante, que vai se descortinando, e ainda Elias Koteas (sempre preciso) na pele de um policial que investiga as mortes que acontecem no local. Repleto de referências dos anos 80 como os jogos Pac Man e Cubo Mágico, além de uma trilha regada ao som pop da época (David Bowie, Culture Club), é no rock "Burnin' for You " do Blue Oyster Cult, que o filme dá toda a dica do que aconteceu no início, está acontecendo naquela hora (ataque no posto), e vai acontecer dali em diante. Uma escolha perfeita e bem resolvida numa sequência de tirar o fôlego. O destaque dado ao título na trama foi bem explorado, mas ela poderia ter sido mais curta. Mesmo perdendo o ritmo em alguns momentos, agradará quem espera ver sangue e levar alguns sustos. Entretanto, o filme não se resume a isso e ao citar o clássico "Romeu & Julieta", revela nas entrelinhas uma interessante história de amor. Assim, quem procura algo além do precioso líquido vermelho jorrando na tela e da adrenalina correndo nas veias, Deixe-me Entrar escancara as portas para uma versão diferente de um amor bandido. Seja bem-vindo.

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    Comentários

    • Victor Laurant Faria Pinali
      O filme original sueco sim é uma obra prima, apesar de como sempre, ser inferior ao livro de origem. Mas este remake americano não quero chama-lo de ruim, pois se visto como um filme independente por si só ele não é. Mas como remake ele deixa a desejar. Já que queriam fazer uma nova adaptação poderiam ao menos explorar coisas do livro que o original não explorou, mas ao invés disso, foi bem mais superficial e resumiu mais ainda os acontecimentos (faltou até mesmo a linha Seja eu por um instante). Sem falar na abordagem bem diferente do provedor da garota. Neste filme ele está com a vampirinha desde criança, e parece ter uma história bem parecida com a de Owen, enquanto que no original, a história dele fica nas entrelinhas, mas sem contradizer o livro (onde a história dele é bem diferente). Em fim, esperava ver um remake que não empolgasse, que não surpreenderia e que ficaria abaixo do original, e foi exatamente isso que tive.
    • Victor Laurant Faria Pinali
      Este remake da uma brecha um pouco maior para se crer nesta hipótese, mas o livro e a pequena continuação em forma de conto (Let old dreams die) deixa bem claro que esta não é a ideia do autor (que inclusive se manifestou negativamente a respeito deste pensamento). Eli (aqui chamada de Abby) realmente gostava de Oskar (aqui, Owen) e eles passaram a viver juntos como vampiros.
    • Fábio
      Em 2020, assistindo novamente essa obra prima.
    • Helio Vc
      Valeu pela resposta
    • LeloMigueis
      Já que Donald Trump tem tanta aversão pelos estrangeiros, deveria começar por criar uma lei, proibindo os americanos de fazerem versões e consequentemente foderem os filmes gringos.
    • Ivansp77
      Você não entende nada de cinema e interpretações.A garota além de bonita, é uma excelente atriz!Os filmes que ela faz são muito bons,e (Deixe me entrar 2011) é um ótimo filme .Vai aprender escrever antes de ofender as pessoas.
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