Covil de Ladrões 2 retorna com praticamente toda a equipe criativa do primeiro filme, sob a liderança de Christian Gudegast e com os atores Gerard Butler e O'Shea Jackson Jr. reprisando seus papéis. O longa de 2018 pode não ter sido um sucesso de crítica, mas conquistou uma base fiel de fãs, o que levou à sua sequência ser confirmada rapidamente, embora tenha demorado para sair do papel. A inevitável comparação entre os dois filmes levanta a questão: o segundo consegue superar o primeiro? A resposta não é tão simples. Embora os dois estejam em um patamar similar de qualidade, cada um se destaca por diferentes razões, o que torna a experiência distinta, ainda que igualmente eficaz.
O primeiro Covil de Ladrões apostava em um tom mais contido, com cenas de ação menores e um foco mais pronunciado no desenvolvimento dos personagens. Isso permitia ao público criar uma conexão emocional mais forte com a narrativa, tornando as consequências dos atos dos personagens mais impactantes. Havia um senso de humanidade e um envolvimento quase palpável, com um final que surpreendeu e agradou grande parte dos espectadores por meio de um plot twist bem construído, mantendo coerência com a trama e deixando espaço para uma continuação. A estrutura narrativa era mais calculada, com um cuidado notável para equilibrar a tensão da história com o peso emocional das escolhas dos protagonistas.
Em contrapartida, Covil de Ladrões 2 traz uma evolução técnica evidente, com um orçamento mais robusto que se reflete na qualidade das cenas de ação, na variedade de locais de filmagem e na ambição do assalto central da trama. Se no primeiro filme havia um equilíbrio entre ação e drama, aqui a proposta é muito mais voltada para o dinamismo, explorando sequências mais grandiosas e explosivas. Embora ainda haja espaço para momentos dramáticos, eles não são a prioridade. Gudegast assume que os espectadores já estão familiarizados com os personagens e usa isso como justificativa para reduzir a necessidade de grandes explicações, mergulhando direto na adrenalina do filme.
Porém, essa abordagem também tem suas desvantagens. O final do primeiro filme estabeleceu um padrão alto para reviravoltas e, nesse segundo capítulo, Gudegast parece refém da necessidade de entregar algo tão surpreendente quanto antes, mas não consegue reproduzir o mesmo impacto. O novo plot twist busca inverter os papéis de alguns personagens, mas não atinge o mesmo efeito e, em alguns momentos, enfraquece o peso das consequências da trama. O desfecho se preocupa mais em criar uma ponte para uma eventual terceira parte do que em amarrar de forma satisfatória os conflitos apresentados ao longo do filme.
Apesar dessas ressalvas, Covil de Ladrões 2 se destaca por saber exatamente o que quer ser: um thriller de ação que entrega entretenimento puro. Gerard Butler está ainda mais à vontade no papel, assumindo um tom mais descontraído e funcionando como um alívio cômico em várias cenas, sem perder a intensidade necessária para as sequências de confronto. Já O'Shea Jackson Jr., embora continue um personagem importante, parece menos envolvido e sua atuação passa a sensação de que ele está um pouco fora de ritmo. O filme se sustenta como um bom entretenimento de ação, com uma identidade própria e sem soar como uma cópia oportunista do original.