Em "Eastern Promises", o talentosíssimo David Cronenberg nos brinda com mais uma de suas odisseias da violência. Aqui, o canadense conta uma história que se passa em Londres, mas usufrui do mapa-múndi e alastra a cidade com vizinhos do leste europeu, que representados por entidades mafiosas, disseminam violência e caos aos que são convencidos de que tal forma de controle os fará rumar para uma vida melhor (as tais "promessas" do título): como a jovem prostituta de 14 anos Tatiana, cuja morte desencadeia uma série de eventos que ligará a monótona parteira Anna Khitrova (interpretação sem brilho, porém competente da sempre bela Naomi Watts) à membros-chave da Vory V Zakone (máfia russa que comanda tráfico de mulheres e prostituição), como o mimado e complexado Kirill (o ótimo Vincent Cassel), filho de um dos cabeças da organização; e o misterioso motorista Nikolai Luzhin (interpretação sombria e excepcional de Viggo Mortensen), cujos objetivos não são tão simples quanto aparentam. O excelente roteiro tem como maior artifício a utilização de metáforas para engrandecer a trama que trata sobre pessoas em busca de vidas melhores e de se sentirem completas, ironicamente através da dor, submissão, violação de seus corpos e da própria violência.