Críticas AdoroCinema
3,0
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Voldemort: Origins of the Heir

De fãs, para fãs

por Lucas Salgado

Lord Voldemort foi o principal vilão e uma das figuras mais importantes dos oito filmes da saga Harry Potter, mas não há como negar que a franquia foca mais sua atenção no lado de Harry, Hermione, Rony e companhia. A origem de Tom Riddle é abordada, mas sem muita profundidade. Pensando em apresentar um olhar sobre a juventude do personagens, um grupo de fãs da série resolveu realizar Voldemort: Origins of the Heir (Voldemort: A Origem do Herdeiro, na tradução literal).

Feito com a ajuda de financiamento coletivo e com a colaboração da produtora italiana Tryangle Films, o filme se tornou uma sensação na internet até o trailer viralizar em poucos dias, no início de 2017. O barulho foi tanto, que a pequena produção recebeu autorização da Warner para ser realizada, com a única condição de que não tivesse objetivos comerciais. Com isso, o filme foi disponibilizado gratuitamente no YouTube e você pode conferir aqui.

Obviamente, em se tratando de uma produção fan made, há de se ter uma maior compreensão do apresentado. Ainda assim, deve-se ressaltar o fato de que é uma obra muito bem feita, com bons efeitos especiais e um bom design de produção, destacando-se figurinos e cenários. É claro que é um filme feito para ser visto numa tela menor, logo alguns efeitos não incomodam tanto quanto fariam na tela de cinema, mas é impossível não reconhecer o mérito.

Nos acostumamos a ligar as ideias de fan made e falta de qualidade, mas este está longe de ser o caso aqui. É uma obra feita com cuidado e atenção, justificando todo o hype criado pelo primeiro trailer.

Inspirado nos eventos retratados em Harry Potter e o Enigma do Príncipe, quando Harry e Dumbledore investigam mais ativamente como Voldemort utilizou-se de objetos raros para criar suas horcruxes, o filme mostra este cenário com mais detalhes, abordando inclusive o clássico assassinato de Hepzibah Smith, herdeira da Lufa-Lufa, supostamente envenenada por seu elfo doméstico.

A trama se divide basicamente em duas linhas do tempo, uma com Tom já mais velho, perto de se tornar Aquele Que Não Pode Ser Nomeado. E a outra mostrando um pouco de seus dias como aluno de Hogwarts, em que passava seu tempo com três "amigos". Eles formavam o time de herdeiros das quatro casas de Hogwarts.

A ideia de inserir o vilão num cenário mais sociável, inclusive sugerindo um interesse amoroso, é interessante, mas é algo com pouca força narrativa, uma vez que já sabemos como a história continua. Grisha McLaggen, herdeira de Grifinória, é leal ao amigo e acredita que pode salvá-lo, mas isso faz pouco sentido em se tratando de um prelúdio. A redenção recebida por Snape jamais poderia ser atingida por Tom Riddle.

O filme também erra um pouco a mão no melodrama e na tentativa de fazer suspense através da música, investindo numa trilha pesada e pouco original. O elenco também não ajuda muito. Aurora Moroni e Maddalena Orcali não comprometem como Grisha, mas Stefano Rossi (Tom Riddle), Andrea Deanesi (Wiglaf Sigurdsson) e Andrea Bonfanti (Lazarus Smith) surgem extremamente caricatos.

Com apenas 52 minutos de duração, Voldemort: Origins of the Heir é uma obra feita por fãs e para fãs. É respeitosa, bem feita e até certo ponto envolvente.