Críticas AdoroCinema
3,0
Legal
Alvin e os Esquilos 2

Boy Band Animal

por Francisco Russo

A evolução da animação computadorizada permitiu que sucessos dos desenhos migrassem para o cinema, em versões onde podiam interagir com atores de verdade. O primeiro a conseguir relevância foi Scooby-Doo, o que levou a uma série de filmes já lançados ou a lançar explorando o tema. Um deles foi Alvin e os Esquilos, ressuscitando personagens até então esquecidos. O estrondoso - e de certa forma surpreendente - sucesso tornou obrigatória a sequência. Um filme que, apesar de seguir a fórmula do original, é bem superior.

Entretanto não considere este um grande elogio, visto a baixíssima qualidade de Alvin e os Esquilos. Aqui o enfoque cresceu um pouco, deixando o lado infantil e apostando no público juvenil. Ou seja, os personagens cresceram junto com os espectadores conquistados no lançamento do primeiro filme. O ambiente escolar, com suas intrigas e grupos formados, é o mote da trama. Um cenário facilmente reconhecível pelo seu público alvo, o que explica em parte o sucesso também desta continuação.

O grande trunfo de Alvin e os Esquilos 2 é, assim como o original, a parte musical. Nem tanto pelas músicas cantadas, visto que as vozes dos esquilos em certos momentos são irritantes - tanto na versão original quanto na dublada. Mas pela escolha do repertório, que traz à tona canções clássicas que não costumam estar na playlist dos jovens da atualidade. Entre elas, por exemplo, está "Staying Alive", eternizada por Os Embalos de Sábado à Noite. Há também uma série de citações a filmes, que divertem. Apocalypse Now, James Bond, Titanic, Curtindo a Vida Adoidado... até o recente Perdido pra Cachorro está na lista.

O filme também aposta na febre musical que tem atingido os jovens ultimamente, em especial a série High School Musical. Alvin e seus irmãos Simon e Theodore nada mais são do que uma típica boy band, com seus mega shows ao redor do planeta e uma coleção de fãs ávidas por autógrafos ou algo mais. Aqui, ao contrário do original, há uma maior mescla entre a vida privada e a de pop stars. A ausência de Jason Lee por quase todo o longametragem faz também com que os três esquilos vivam mais de perto a fama conquistada, gerando consequências até previsíveis, como o estrelismo de Alvin.

Previsibilidade, por sinal, é uma característica natural de Alvin e os Esquilos 2. O que não chega a ser surpreendente, visto que o objetivo não é inovar e sim apostar em uma fórmula já conhecida que possa agradar o público infantil. Desta forma há o lado fofura ressaltado nos irmãos esquilos e em suas "concorrentes", as Esquiletes. Há uma história simples, com situações comuns que provocam identificação. Há um vilão caricato, que age e se veste de forma estranha mas traz também uma boa dose de ingenuidade. E há os números musicais, que estão na moda. Tudo calculado para que o resultado seja o maior lucro possível. Tem dado certo.

Se Alvin e os Esquilos 2 é ruim? Não, não é. É uma Sessão da Tarde razoável, daqueles filmes que se assiste despretensiosamente e que, pouco após seu término, se esquece por completo. Um mero passatempo, que não agride o humor dos pais que precisarão levar as crianças aos cinemas. O que, em se tratando de filmes infantis, já é boa notícia.