Críticas AdoroCinema
2,0
Fraco
A Ilha da Fantasia

Mistério sem emoção

por Barbara Demerov

A Ilha da Fantasia se encontra em um estranho lugar de definição: o filme não é exatamente um terror, mas também não é uma aventura que faz os olhos do espectador brilhar diante de fortes emoções ou situações impactantes. Com isso, os próprios materiais de divulgação vão contra o que a história em si visa entregar; que, no caso, é a clássica narrativa que esconde até o fim quem é o verdadeiro vilão de toda a situação apresentada.

Ambientada em uma ilha mágica que realiza os desejos mais profundos das pessoas que ali adentram, o filme de Jeff Wadlow foge um pouco do convencional ao não apresentar todos os personagens para iniciar sua história. Pelo contrário, a história é desenvolvida a partir da exibição do pano de fundo de cada um do grupo selecionado para vivenciar suas maiores fantasias pessoais. Vingança, um sonho que foi deixado de lado e luto são alguns dos temas que ganham a atenção nos principais núcleos, mas tudo acaba sendo um pretexto para a ação tome conta.

FILME NÃO SE ENCONTRA EM UM SÓ GÊNERO E ISSO DIFICULTA A IMERSÃO

Há muitas cenas de perseguição e sangue em A Ilha da Fantasia. Porém, o suspense que os trailers apresentavam se perde durante as quase 2h de projeção, pois o que ganha mais atenção do roteiro é o drama pessoal de Melanie (Lucy Hale), que envolve diretamente Sloane (Portia Doubleday). Não é como se as histórias individuais não funcionassem - aliás, são elas que tornam a experiência mais interessante -, mas a dinâmica dos personagens quando estes atuam em grupo não funciona da melhor forma. Esta união inesperada não convence e tampouco é desenvolvida com mais detalhes.

Desta mesma forma, as grandes revelações são simplesmente jogadas ao espectador no terceiro ato através de diálogos e cenas expositivas, que não só encontram o mais simples dos clichês como também não chegam a ser tão surpreendentes, pois desde o princípio não há um protagonista confiável na narrativa. Mr. Roarke (Michael Peña), dono da ilha e responsável por orquestrar tudo, por exemplo, também não sabe onde se encaixa: se é dentro do papel de líder misterioso ou como cúmplice deste grupo formado por desconhecidos.

O potencial de A Ilha da Fantasia poderia estar dentro do que significa a ilha em si: um local que realiza sonhos mas que também implica em deixar algo para trás. Existe uma dualidade interessante neste suposto "paraíso", mas ela não é tão trabalhada a ponto de entregar uma camada mais profunda de desenvolvimento de personagem. Vemos apenas a apresentação de seu potencial, que não chega a durar muito.

E, se o desfecho mostra que o perdão interno é essencial para determinados indivíduos, ele deixa de lado os porquês. Por conta de a história não se apegar ao passado de cada pessoa retratada, o final simplesmente as deixa ir sem fornecer uma resposta concreta. Com isso, toda a experiência de descobertas e missões paralelas parece vazia, sem uma motivação real para existir até mesmo dentro deste universo fantasioso.