A série é interessante, enquanto produto "teen", pois dificilmente se encontra, mesmo hoje, séries feitas falando deste e para este público com certo "realismo" em seus dramas: o problema é que o pretenso realismo duelou com muita fantasia e mirabolâncias no roteiro sem necessidade à maior parte do tempo.
Os protagonistas jovens, que em sua maioria, foram defendidos por excelentes atores, foram acometidos pela mesma falta de noção em muitos dos seus atos, por mais que para o cinema e tevê, as medidas pudessem ser necessárias para dar ação nas temporadas, a ponto de levá-los à inverossimilhança (como por exemplo, nunca existiria por aí um personagem tão exagerado como Cook, da 2a e 3a temporadas).
O roteiro também pecou em injetar paternidade em personagens ostensivamente repulsivos, como o próprio Cook, e em Tony (da 1a e 2a temporadas), livrando-os da vilanização, o que achei uma medida covarde e destituída da naturalidade com que justamente se vilanizavam. O mesmo roteiro encontrava pontos de extrema-fraqueza em algumas situações, como no episódio
da "redenção" de Tony
: a confusão foi tão clara que os próprios criadores da série disseram em entrevista que estavam "viajando na maionese" nesse episódio em específico.
Os adultos pais dos protagonistas, todos eles, são retratados como idiotas e imaturos, e houve uma negligência imensa no papel deles na formação dos próprios filhos e em suas participações nas temporadas da série, em sua maioria das vezes.
Nas duas primeiras temporadas, você teve um elenco pairando entre uma "realidade" de personagem de livro de autor "indie" (assim como a própria estética da série), e fantasia;
Na 3a e 4a temporadas, os personagens e situações eram um supremo exagero que beirava a ofensa.
Na 5a e 3a temporadas, houve um ensaio de retorno à estética antiga dos personagens das duas primeiras, mas o roteiro tratou de prejudicar a possibilidade, além de que, desde o final da 5a, a maioria deles teve a personalidade completamente TROCADA.
Saldo final: série interessante, mas com roteiro esquizofrênico, entremeado por decisões péssimas. Desperdício.