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    Homens?: “Não é uma ‘lacromédia’, não queremos lacrar, a gente quer ser engraçado”, diz Fábio Porchat

    A série explora o universo dos homens a partir do machismo.

    A nova série da Comedy Central, Homens? foi idealizada e é estrelada por Fábio Porchat e traz o machismo com humor irônico para explorar o universo dos homens. Na produção, quatro amigos se sentem perdidos à medida que o mundo se reinventa e as mulheres se empoderam.

    “A série fala sobre como o machismo é ruim também para os homens, além de atacar as mulheres, claro. A gente vai rir disso e esses personagens que tentam aprender isso ao longo da série apanha muito para entender que isso está acontecendo”, disse Porchat em coletiva de imprensa. Segundo o comediante, o ponto de interrogação no título vem exatamente para essa representação: “isso são os homens de hoje? Ainda não evoluímos?”.

    O quarteto é formado por Gustavo (Gabriel Godoy), Pedrinho (Raphael Logam), Pedro (Gabriel Louchard) e Alexandre (Fábio Porchat), que está sofrendo de impotência sexual. Durante a coletiva de imprensa, o AdoroCinema pôde conferir o primeiro episódio que começa já com o personagem brochando e em um diálogo hilário com o seu pênis, interpretado por Rafael Portugal.

    A ideia de ter um ator fantasiado de pênis como um personagem foi a primeira coisa que Porchat pensou ao idealizar a série. “É legal essa relação com o pênis porque o homem fala muito mas cuida pouco como a mulher costuma fazer. Na série, o pênis tem essa relação de amizade e carinho de despertar ele para muita coisa”, disse Portugal sobre seu papel.

    Com um humor bem próximo ao que é visto na internet e em esquetes do canal Porta dos Fundos, em outro momento a série traz os pensamentos de Pedro em off enquanto transa. O pênis é tratado como um quinto personagem entre os amigos, principalmente o de Alexandre, que ganha até um zoom quando apresentam o grupo.

    “Não é uma lacromédia, a gente não quer lacrar, a gente quer se engraçado, queremos fazer uma comédia divertida, que os homens se identifiquem e que as mulheres também e descubram coisas do homem, é para fazer rir”, pontuou o ator.

    Divulgação

    Há algumas semelhanças com Sex and the City e, apesar de diversas cenas de sexo, o corpo da mulher nunca é explorado de maneira sexual mas sim bem puro, como aquilo seria na vida real - inclusive, as transas são sempre “desajeitadas”.

    Sobre as influências, Fábio contou que assistiu muito à Friends, Sex & the City e Girls para se inspirar: “Girls foi uma influência forte, essa coisa da nudez vem muito de lá, em que a protagonista aparece pelada e não está nem aí, está livre e faz o que quiser”. “Tive a preocupação de trazer esse nú de homem também. Se a mulher fica nua em casa o homem não fica?”, concluiu ele, prometendo uma cena em que aparece pelado na série.

    Para tratar da impotência masculina, o grande motim para a crise do homem do século XXI que a série representa, Porchat revelou que pesquisou muito e investigou o tema. “Fomos no Boston Medical Group entender o assunto. E eu também queria falar sobre isso, porque homem só conta vantagem, não conta derrota. Nenhum homem chega para outro e fala que brochou no dia anterior, só conta com quantas transou por exemplo. Fomos na clínica e descobrimos muita coisa interessante que usamos na série”, revelou ele.

    No primeiro episódio, a responsável pelo “textão” que funciona como um soco no estômago dos homens é Lorena Comparato, que interpreta uma prostituta. Completam o elenco Cintia Rosa, Gisele FróesGiselle Itié e Miá Mello.

    O único e maior problema da série, talvez, seja justamente o machismo. Ao ser tratado com humor, às vezes é incômodo por retratar a realidade de uma maneira crua e pode ser perigoso para aqueles que não entendem que isso não é mais motivo de piada. No entanto, o elenco prometeu que os personagens evoluem ao longo dos episódios e aprendem algumas lições ao ver que o mundo está mudando e que eles precisam mudar também.

    "A gente tem de botar o personagem sendo machista, mas as personagens femininas dão um looping nos homens", disse Porchat. Em seguida, Comparato completou: “Tem muita coisa incômoda nessa série, muita coisa que você olha e pensa: ‘Meu deus, isso ainda existe?’. E sim, isso ainda existe e é bom a gente falar sobre isso, porque talvez colocando neste tom para mostrar para as pessoas, elas entenderão que não dá mais para ser assim”.

    Gabriel Godoy é responsável por uma das maiores barbaridades ditas por homens na série e, para ele, essa situação não foi confortável. “Quando eu li o texto tive dificuldade para falar coisas extremamente machistas. Mas sempre tem uma resposta que deixa esse diálogo machista cotidiano lá embaixo, isso que é interessante”, contou o ator.

    Porchat ainda revelou que cada um dos amigos deste grupo tem uma função diferente na representação deste cenário do homem, como, por exemplo, Raphael Logam que trará um pouco de como o machismo impera no trabalho. Ele ainda destacou a representatividade no elenco: "queria que um deles fosse deficiente físico e outro fosse negro, sem que isso fosse uma questão dentro do roteiro".

    Para dar olhar feminino, Cristiane Werson completa o time de roteiristas ao lado de Porchat, Guilherme Tomé e Daniel Nascimento.

    Por fim, ele ainda revelou que se preocupou muito com as piadas para que não houvesse “escorregões” e elogiou o humor politicamente correto: “Acho ótimo o público mais sensível, porque assim a gente tem que pensar mais. Não é só fazer a piada, é fazer a piada e pensar se aquela piada é assim mesmo, se eu quis dizer aquilo, onde está atingindo. O tal politicamente correto é bem vindo porque faz a gente pensar, não dá para dizer que falou sem pensar, então comece a pensar. A ideia de parar para pensar naquilo que está fazendo eu acho ótimo e isso não é só para o roteiro, mas para os atores também”.

    Fábio Porchat contou que o fim é um gancho para uma segunda temporada, que já está sendo elaborada por ele. Com direção de Johnny Araujo, a primeira parte das aventuras dos quatro amigos em Homens? estreia nesta segunda-feira, dia 18, no canal pago Comedy Central, às 22 horas.

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