O setor de anime mudou muito rapidamente nos últimos anos e, agora, especialmente a qualidade da animação é vista com um olhar muito mais crítico. Demon Slayer (Kimetsu no Yaiba, no original) foi uma das séries que ajudou a abrir caminho para temporadas anuais em vez de séries intermináveis de transmissão contínua.
Os caçadores de demônios do mangaká Koyoharu Gotouge e do estúdio Ufotable não foram apenas uma revolução na telona, mas também na forma como as séries de anime são abordadas. E o Studio Pierrot tomou nota disso.
Chega de fillers
Naruto, Boruto e Bleach são famosos pela quantidade de conteúdos extras que incluem. Anos (e décadas, na verdade) atrás, era muito comum que, em vez de interromper um anime quando ele se aproximava demais do mangá, a série recorresse aos fillers. Em outras palavras, material inventado que não aparecia no mangá, mas que servia como um aperitivo enquanto não voltávamos à trama principal.
Mas depois da chegada de Demon Slayer, os estúdios decidiram mudar sua mentalidade. E se tiverem que mudar a produção para temporadas mais curtas em vez de transmissões seguidas, é uma ótima ideia se isso aumentar a qualidade do produto final.
“Demon Slayer foi um ponto de virada definitivo para a indústria de anime. Foi um trabalho de qualidade enorme que levou muito tempo para ser feito, com um orçamento muito generoso para fazê-lo, e foi um sucesso quando foi ao ar. Atraiu pessoas de muitas faixas etárias diferentes”, disse Michiyuki Honma, presidente da Pierrot, em uma entrevista recente.
“Antes e depois do anúncio de Demon Slayer, senti que tínhamos que mudar nossa forma de criar. Além disso, outros estúdios também estavam lançando obras de qualidade semelhante e, no Japão, havia um ambiente em que elas podiam ser vistas na televisão comercial.”
Ufotable
Essa mudança na forma de trabalhar do estúdio explica o hiato de Boruto, que foi descontinuado até segunda ordem, e de Black Clover. E também por que Bleach: Thousand-Year Blood War está sendo lançado em pequenos lotes anualmente, então parece que a Pierrot disse adeus ao seu anime interminável.
“Acho ótimo fazer trabalhos longos, como a Pierrot fez no passado. Mas, ao mesmo tempo, o grande orçamento e os custos de manutenção acarretam um risco muito alto”, explica Honma.
“Será que podemos competir com trabalhos feitos dessa nova maneira, usando os mesmos métodos de produção de antes? Será que isso prejudicaria nossa marca? Foi com tudo isso em mente que criamos Bleach: Thousand-Year Blood War, com toda a empresa dedicada a um novo anime.”
Portanto, embora Honma ainda não tenha confirmado, é bem possível que essa estratégia também se aplique a Black Clover e Boruto quando eles retornarem. Porque, embora o relançamento de Bleach tenha sido arriscado, o novo anime foi muito bem recebido e foi altamente elogiado pela qualidade de sua animação.
E com cada vez mais animes de qualidade sendo transmitidos o tempo todo, a concorrência está ficando mais acirrada e a qualidade é o melhor trunfo que os estúdios têm para se destacar. Mas essa não é a única grande mudança que está sendo implementada pela Pierrot, que há algum tempo vem mudando seus cronogramas de trabalho para cuidar melhor de seus animadores, mesmo que o anime demore mais para ser lançado.
*Tradução de site parceiro do AdoroCinema.
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