Wandinha estreou há mais de duas semanas e segue em 1º lugar no top 10 da Netflix. Sem dúvidas, é o mais novo fenômeno da plataforma, revisitando o universo da Família Addams sob o olhar pop-gótico de Tim Burton. O sucesso também se deve à performance de Jenna Ortega como Wandinha, a primogênita de Mortícia (Catherine Zeta-Jones) e Gomez (Luis Guzmán). Afinal, a série é sobre ela: agora com 16 anos, ela sabe lutar, toca violoncelo, pratica esgrima e conduz investigações como ninguém. Além disso, ela tem poderes sobrenaturais – algo que pode causar estranheza nos mais atentos.
Na trama, a personagem ingressa na Academia Nunca Mais, um local de ensino voltado para jovens “fora do padrão” (sereias, lobisomens, górgonas, vampiros e por aí vai). Mas ela se vê envolvida em uma onda de assassinatos macabros que, de alguma forma, estão ligados à história de seus pais. Em meio a tudo isso, Wandinha tem visões psicóticas do passado e do futuro ao tocar em objetos e pessoas ao redor.
Somos informados de que a protagonista detém habilidades especiais desde o primeiro episódio, quando, por exemplo, ela consegue descobrir quem fez bullying com seu irmão, Feioso (Isaac Ordonez) depois de encostar nele. Acontece que sua capacidade de vislumbrar momentos é bastante violenta, provocando espasmos e colocando-a em uma espécie de transe.
Wandinha: Jenna Ortega é fã de filmes de terror? Conheça as obras queridinhas da atrizDurante o quinto episódio, Wandinha que seu dom apareceu alguns meses antes de entrar na escola nova. Sua mãe, Morticia, dá a entender que ela também é propensa à clarividência, com a diferença de que suas visões são positivas.
Nos filmes de 1991 e 1993, porém, a garota vivida por Christina Ricci não tem qualquer tipo de poder – uma mudança que certamente não passou batida pelos fãs dos Addams. Não é que talentos sobrenaturais não tenham sido representados nas adaptações da família criada por Charles Addams.
Na clássica série dos anos 60, Mortícia (Carolyn Jones) podia liberar fumaça. Já nos longas dirigidos por Barry Sonnenfeld, o Tio Chico (Christopher Lloyd) consegue produzir eletricidade. Quanto à avó, ela é simplesmente uma bruxa em todas as versões.
Netflix/Paramount Pictures
Nunca se falou de habilidades sobre-humanas para Wandinha, que, sejamos honestos, sempre foi uma criança "normal" apesar dos gostos peculiares. O que mais se aproximaria de um comportamento sobrenatural seriam sua inteligência acima da média e sua capacidade de tomar veneno sem sofrer as consequências.
Portanto, o detalhe foi inventado especificamente para a série da Netflix. Por se tratar de uma franquia amplamente explorada – até pelas recentes animações da MGM –, os criadores Alfred Gough e Miles Millar quiseram oferecer algo inusitado, que saísse da abordagem cristalizada dos Addams.
Wandinha: Christina Ricci não deveria ter atuado na série – e aqui está o porquêEm entrevista à revista Empire, Gough explicou a escolha de ambientar a produção durante a adolescência da protagonista e tendo um internato como pano de fundo. "Wandinha é uma personagem tão icônica que nós pensamos: 'E se você a deixasse com 16 anos e a tirasse da família e a colocasse em um colégio interno, então ela teria que fazer um novo tipo de família?' Queríamos colocá-la em um cenário que ainda parecesse estar no mundo de A Família Addams, mas completamente diferente."
Os poderes de Wandinha permitem que os showrunners abram o campo de possibilidades para esse universo tão particular, mantendo-se fiéis ao espírito sombrio e desviante da realidade.
