Minha conta
    2 Coelhos Entrevista com Afonso Poyart, Alessandra Negrini, Caco Ciocler e Fernando Alves Pinto

    Entrevista com diretor Afonso Poyart e atores Alessandra Negrini, Caco Ciocler e Fernando Alves Pinto.

    Há algo diferente no cinema brasileiro. 2 Coelhos chega aos cinemas em 20 de janeiro apostando na ação, gênero pouco trabalhado em produções nacionais.

    O Adoro Cinema encontrou o diretor Afonso Poyart e o trio de protagonistas, Fernando Alves Pinto, Caco Ciocler e Alessandra Negrini, e conversou com eles sobre a experiência ao rodar o longa-metragem, as novidades apresentadas e o que esperar de sua trajetória nas salas escuras. O resultado você confere logo abaixo. Boa leitura.

    Diretor estreante

    2 Coelhos é o filme de estreia do diretor Afonso Poyart, que tem larga experiência na publicidade. Questionado sobre as dificuldades em trabalhar com um diretor estreante, Caco Ciocler respondeu que a novidade na verdade eram os próprios atores. “O Afonso com a equipe dele está muito afinado. Com a experiência que tem na publicidade ele já fez mais filme que muito cineasta. Eles filmam muito, o exercício de filmar é muito constante. Um cineasta costuma fazer um filme a cada três anos, não é o mesmo volume. E ele trabalha sempre com a mesma equipe, então nós éramos a novidade.”

    Fernando Alves Pinto ressaltou também a capacidade de Poyart em visualizar antecipadamente o filme. “Ele tinha que trabalhar já tendo em mente o resultado, após a pós-produção e o efeito, o que para a gente era complicado em visualizar no que resultaria tudo aquilo. Então precisávamos ter confiança nele, pois sabíamos que aquilo que estávamos rodando não era o resultado final."

    Referências

    Pelo formato e estilo, 2 Coelhos lembra bastante vários filmes americanos. Questionado se algum filme em especial o teria influenciado, o diretor Afonso Poyart respondeu: “Não diretamente, mas como sou um cara que vê bastante filme algumas referências ficaram embutidas e acabei aplicando. Gosto muito do cinema do Tarantino, do Guy Ritchie, da forma como ele reinventou certas coisas, o estilo visual e estético. Na questão do roteiro gosto muito do Christopher Nolan. Acho muito bacana A Origem, por ser um suspense onde o roteiro é desconstruído. Então são referências de filmes que gosto, obviamente, mas não fiz o filme na intenção de copiar isto ou aquilo.”

    Poyart ressaltou também as limitações que teve na realização do filme. “Não tenho os mesmos recursos, não posso me meter a fazer um filme igual aos que o Michael Bay faz. Até porque não gosto muito dos filmes dele. Eles têm muito mais recursos, então não posso querer imitar porque senão vai ficar ridículo.”

    Filme de Hollywood

    ”As pessoas costumam falar isto, que parece um filme de Hollywood. Não sei se isto é bom ou é ruim. Não acho ruim propriamente, pois o Brasil precisa de produtos capazes de competir com os americanos. 2 Coelhos tenta isso. Tem correria, explosão, tiroteio, mas tem também uma história por trás, contada de maneira diferente”, explica Afonso Poyart.

    Fazer um filme de ação

    São poucos os filmes de ação produzidos no cinema brasileiro. Se o público não está acostumado com eles, o mesmo acontece com os atores. Fernando Alves Pinto, intérprete do protagonista Edgar, falou sobre a nova situação. “Fazer ação é muito divertido, só que a gente tinha que se conter. Com a arma na mão, ao rodar a cena, acabávamos fazendo o som do disparo. Era difícil parar de fazer, porque estamos acostumados a brincar.”

    Caco Ciocler lembrou que os atores não sabiam bem qual seria o resultado final, já que os efeitos especiais foram inseridos na pós-produção. “A gente não tem muita noção do resultado durante as filmagens, é algo mais técnico. Embora algo que tenha ajudado neste filme é que tinha muita câmera, então era quase uma cena de teatro filmada. Tinha uma coreografia mais longa, captada por várias câmeras, então ficou mais fácil.”

    Dublês

    A pergunta sobre a necessidade ou não de dublês rendeu uma resposta bem humorada de Caco Ciocler. "Sou meio o Tom Cruise brasileiro”, se referindo à fama do astro em rodar as cenas de ação em seus filmes. Do elenco principal a única que precisou de dublês foi Alessandra Negrini. "Apenas na cena em que tive que cair do carro", ela ressalta.

    Animação

    2 Coelhos conta com várias cenas em animação, algumas similares a uma partida de videogame e outra quando a personagem Júlia, interpretada por Alessandra Negrini, tem uma crise de síndrome de pânico. Afonso Poyart explica o porquê de usar o método. “O personagem principal vive neste universo de quadrinhos, videogame, Star Wars. Tem uma justificativa para a quantidade de animação do filme porque é a ótica deste cara, ele vê tudo como se fosse um videogame. Além disto, comecei como animador, então tenho facilidade de trabalhar nesta área.”

    Alessandra Negrini comentou sobre a cena, para a qual teve até mesmo que treinar com uma espada. “Tinha um cara lá, um chinês, que me ensinou algumas coreografias com a espada. Fiquei treinando aquilo na hora, no próprio set. Filmei com o fundo verde, então não vi nada. Tudo é imaginação.”

    ”Ele virou videogame”

    Algo que chama a atenção em 2 Coelhos é a semelhança de Fernando Alves Pinto e seu alter ego no mundo do videogame. Afonso Poyart revela que não foi à toa. ”Pegamos o Fernando, a roupa que ele usa no começo do filme e o modelamos em 3D. Ele virou videogame.”

    Dinheiro do próprio bolso

    Ao contrário do que acontece com a maioria dos filmes nacionais, boa parte dos custos de 2 Coelhos foi paga a partir de investimento privado. “80% do orçamento do filme foi bancado pela própria Black Maria. Sou meio ansioso e resolvi começar logo, com nosso dinheiro mesmo. Só que a gente queria captar no meio do caminho e repor o caixa. É possível isto, ou nos disseram que era possível. Não aconteceu, acabamos captando pouco, apenas cerca de 20% do orçamento estimado. Então usamos dinheiro próprio, ao invés de incentivado. O que foi muito difícil, isto nos colocou em uma posição bem frágil.”

    Ter colocado dinheiro do próprio bolso teve também seu lado positivo. “Por outro lado me deu controle criativo. Como era produtor e diretor não havia alguém que não me desse o dinheiro, podia fazer o que quisesse. O que é bom e é ruim, pois estourei a verba. Você é o seu maior inimigo quando é o diretor e o produtor, já que não há alguém que diga para você parar. As pessoas podiam me aconselhar, mas no meio do afã você vai e topa fazer mais uma diária. Isso aconteceu algumas vezes, então saiu um pouco mais caro do que a gente imaginava”, explicou o diretor.

    Gênero

    Para o Ministério da Justiça o gênero de 2 Coelhos é sobrevivência. O anúncio descontraiu a entrevista, pelo inusitado da escolha. Questionado sobre qual seria o gênero do filme, o diretor Afonso Poyart comentou: “É tão difícil classificar o filme, um gênero só não dá. A meu ver ele é um romance, pois este é o centro da história. Talvez seja um romance com ação, com suspense, algo por aí.”

    Quatro anos de espera

    Afonso Poyart escreveu o roteiro de 2 Coelhos em 2008. Quase quatro anos depois, o filme enfim chega às telas de cinema. Questionado sobre como foi o processo de espera, ele explica: “Foi muito difícil, porque foi uma espera trabalhando também. O filme era para ser lançado em janeiro do ano passado, foi para julho e agora para janeiro deste ano. Levou um ano para encontrar uma janela de lançamento. No fim das contas acabou sendo bom, porque o filme cresceu. A estratégia da Imagem Filmes foi boa.”

    Recepção do público

    Caco Ciocler acredita que 2 Coelhos será bem recebido pelo público, mas se prepara para possíveis críticas. “A pessoa pode não gostar do tema, da estética do Afonso, mas é indiscutível que ele sabe contar muito bem uma história e que sabe filmar muito bem. Isso ninguém pode dizer o contrário. Este filme é uma novidade no cinema brasileiro, acho que vai muito bem.”

    Questionado sobre o publico esperado, Afonso Poyart preferiu não arriscar um número. "É lógico que quero pagar minhas contas, mas é difícil falar de números. Espero a bilheteria, até porque a gente investiu e é um negócio. Mas é difícil falar, pode tudo dar certo e explodir e também não acontecer o que a gente espera."

    Sequência

    “É possível fazer uma continuação. O tema de matar dois coelhos com uma cajadada só pode ter uma releitura em qualquer outro tema. Então é possível ter um 2 Coelhos 2, pelo menos o título vai ficar bonito”, disse o diretor.

    Novos filmes

    Afonso Poyart já tem engatilhado mais dois filmes. O primeiro deles é a cinebiografia de José Aldo, lutador de MMA que será interpretado por Malvino Salvador (Qualquer Gato Vira-lata), cujas filmagens começarão em julho deste ano. “O filme do José Aldo terá algo no estilo de 2 Coelhos, porque é um filme de ação também. Tem luta, tem muita correria e, óbvio, o drama familiar. Acho que menos que 2 Coelhos, não terá esta linguagem gráfica. Mas espero usar também minha habilidade em criar efeitos especiais, só que escondidos, daqueles que não aparecem tanto”, explica o diretor.

    Outro projeto, ainda sem título, é uma comédia romântica que apenas será rodada no início de 2013. Sobre o projeto, o diretor apenas adianta que terá um grande enfoque na parte gráfica, assim como 2 Coelhos.

    facebook Tweet
    Comentários
    Back to Top