Os fãs do best-seller After estão cada vez mais próximos de conferir a adaptação cinematográfica da história de Tessa e Hardin! O filme, que estreia no Brasil em 11 de abril de 2019, acompanhará os acontecimentos do primeiro capítulo da saga de cinco livros da autora norte-americana Anna Todd, que começou com uma fanfic inspirada no cantor Harry Styles.
Em visita ao Brasil para divulgar o filme dirigido por Jenny Gage, Anna conversou com o AdoroCinema sobre o relacionamento dos jovens, o que mudou na saga com o passar dos anos e o que ela espera que o público sinta ao ver a adaptação nas telonas. Fã de Cinquenta Tons de Cinza e Crepúsculo, a autora afirmou que se sente orgulhosa por ter uma base de leitores forte, mesmo que varie entre os extremos de "ame" ou "odeie".
A trama de After gira em torno de Tessa Young (Josephine Langford), uma jovem de 18 anos com uma vida simples: ótimas notas na faculdade, amigos, um namorado doce e com todos os próximos passos de sua vida já planejados. Mas tudo muda quando ela se envolve com o rebelde Hardin Scott (Hero Fiennes Tiffin).
Confira a entrevista abaixo!
AC: Como foi ver algo que você criou por diversão crescer tanto aos olhos do público?
Anna Todd: Está sendo uma louca jornada, com certeza. Era um hobby para mim e aí ficou popular online, e logo tornou-se um livro, o que fez a história ficar ainda mais popular. Agora com o filme, tudo é algo que eu jamais teria sonhado. Mesmo se eu tivesse escrito um livro sobre isso, é loucura (risos).
AC: Você se considera fã de seu próprio trabalho?
Anna Todd: Definitivamente. Pode até soar estranho, mas eu sempre digo que After é um dos meus livros favoritos. A razão pela qual eu o escrevi é porque eu não achava um livro que tivesse tudo o que eu queria numa história. Então eu escrevi o que eu queria então acabei me tornando uma fã do meu trabalho.
AC: O que você tem a dizer sobre o relacionamento de Hardin e Tessa? Muitos fãs dizem que este é um relacionamento tóxico...
Anna Todd: Eu realmente o considero tóxico e não abusivo. Mas esta é a minha opinião e as pessoas têm a liberdade de pensar e sentir do modo que quiserem, até mesmo verem como abusivo. Como autora, mesmo quando as pessoas falam que odeiam este relacionamento, de certa forma eu me sinto orgulhosa por alcançar essas emoções nos dois extremos. Eu fiz algo parecido com o que vimos em Cinquenta Tons; as pessoas podem odiar o quanto quiserem, mas a franquia fez algo para a cultura pop, para a industria literária e do cinema também. Eu conheço várias mulheres que estão trabalhando, seja escrevendo, editando ou fazendo capas de livros por conta de Cinquenta Tons.
Este é um ponto que eu gosto de focar em discussões sobre os meus livros e acho que nem todo mundo pensa neste lado. Eu gostaria de saber o que as pessoas que consideram o relacionamento tóxico/abusivo leem e assistem no resto do tempo. Algumas pessoas me escrevem mensagens pesadas dizendo que me odeiam, que eu sou gorda, isso e aquilo... E eu os pergunto: "Você sabe que está abusando uma pessoa real com relação a uma história de ficção?". Na maioria das vezes essas pessoas são fãs de Game of Thrones e The Vampire Diaries... E eu fico pensando, "Oi?". Damon Salvatore, por exemplo, é o pior personagem da série, que literalmente mata pessoas por diversão. Então, se as pessoas falam que aquilo é ficção, qual é a diferença entre essas séries e After? Há muito julgamento por isso, mas eu prefiro ter dois extremos (um amando e outro odiando) - do que ver pessoas indiferentes ao lerem meus livros.
AC: Você acha que as pessoas começarão a comparar o filme com Cinquenta tons de Cinza?
Anna Todd: Eu acho que as pessoas podem pensar isso, mas só antes de assistirem ao filme. Uma coisa é muito diferente da outra. Mas eu me sinto confortável com essa ideia de comparação, pois eu amo Cinquenta Tons e ficaria até mesmo agradecida. Se algum leitor falar que After parece muito com Crepúsculo, eu ficaria feliz pois é exatamente o que eu quero. Eu gostaria de ter escrito essas duas séries! Devo bastante às autoras E. L. James e Stephenie Meyer, pois eu não teria escrito meus próprios livros se não fossem por elas – especialmente E. L. James. Ao mesmo tempo em que eu sinto que isso pode ser uma falsa propaganda do filme, eu gosto da ideia e me sinto honrada.
AC: Como foi o processo de adaptação? Como foi manter o conteúdo adulto no filme e seguir a mesma essência do livro?
Anna Todd: Eu queria fazer um filme cuja classificação indicativa não deixasse de fora o público mais jovem que está conhecendo After agora, e ao mesmo tempo não queria fazer um filme sem as cenas mais fortes do livro. Mas há uma cena específica que eu, hoje, não acredito que fui eu quem escrevi, que é quando Hardin prova aos seus amigos que teve relações sexuais com Tessa mostrando lençóis com sangue. Ver isso foi totalmente diferente durante as filmagens. Eu não quero desapontar meus fãs, mas apenas sinto que como cinema, algumas coisas precisam ser mais leves, até porque, como mulher, eu não me sinto confortável vendo este tipo de atitude.
AC: O mundo mudou muito nos últimos anos desde o primeiro livro. Como você sente que as pessoas receberão o filme?
Anna Todd: Espero que maneira positiva. Eu não consigo me identificar com personagens perfeitos que sabem tudo, que têm os melhores amigos... Eu não queria tirar o lado obscuro da história e não queria fazer uma história que todos sejam felizes o tempo todo, mas há uma responsabilidade dentro de saber e entender qual é a minha audiência mais antiga e a minha nova audiência, que cresce cada vez mais. Eu não quero que o filme seja ofuscado por conta do relacionamento do casal, mas eu acho que mesmo que você tenha lido After e pense que Hardin é péssimo – se bem que a Tessa também é uma personagem complicada, até diria pior que ele –, a narrativa de todos os livros os mostram vivendo diversas experiências através dos anos para permanecerem juntos no fim, desde terapia até passando anos um longe do outro. Eu não gostaria que as manchetes destacassem o filme como abusivo, pois é este é um romance dark, gênero que sempre gostei e que apenas não conta histórias de casais que brigam uma vez e depois tudo fica bem para sempre.