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    Retrospectiva 2017: Relembre os principais acontecimentos no mundo do cinema e das séries

    Os maiores escândalos, fracassos, polêmicas, sucessos e tendências desse ano.

    13 Reasons Why encoraja o suicídio?

    Muito se discute a qualidade de 13 Reasons Why. Seu ritmo lento e a demora de Clay (Dylan Minnette) em ouvir as treze fitas leva o espectador à exaustão, especialmente para quem experimenta maratonar a série. Mas uma coisa é fato: a relevância indiscutível do drama teen da Netflix. Katherine Langford é uma revelação que humaniza Hannah como uma adolescente capaz de fazer algo que muitos julgam anormal: o suicídio. Assim, a obra criada por Brian Yorkey tocou a todos e visibilizou uma pauta importante, vista como tabu e que passou a ser mais discutida após sua estreia.

    Por outro lado, o detalhamento com que 13 Reasons Why encena, desde a preparação, alguém tirando a própria vida foi apontado como um erro por muitos, inclusive especialistas, que entendem exemplos como um ensejo para outra pessoa doente "tomar coragem" para ato tão radical. Dados apontaram essa confusão: ao mesmo tempo que o tema passou a ser mais comentado, o que possibilida a ação de médicos para ajudar um trauma tantas vezes invisível, o aumento de buscas relacionadas ao suicídio acionou um sinal de alerta. Que prevaleça a informação e o tratamento em torno de algo tão sério. Neste sentido, o impacto da melhor nova série da Netflix em 2017 terá sido positivo.

    O racismo em Vazante

    Junho de 2013 mudou o Brasil, e isso fica claro nos debates de festivais de cinema pelo país. A discussão mais acalorada do ano aconteceu em Brasília, em torno do filme histórico Vazante. Suntoso esteticamente, rementendo às pinturas de Debret, o longa ambientado na fazenda de um vendedor de escravos nas Minas Gerais do século XIX adota o ponto de vista do homem branco e pouco desenvolve os personagens negros, o que incomodou o crítico Juliano Gomes, da Cinética. "Seu filme é uma belíssima máquina de manutenção do status quo", disse ele à diretora Daniela Thomas, também sugerindo que a obra não tivesse sido realizada, haja vista seu conformismo diante da condição do homem negro. A cineasta reagiu ao duro julgamento mais tarde, em carta publicada pela Revista Piauí em que confronta a "censura" e o "linchamento" sofrido no festival. Juliano Gomes escreveu longa tréplica reforçando sua posição, convidando Thomas à "desobediência" necessária para mudar a assimetria no tratamento entre raças no Brasil. Em outras palavras, fazendo um convite para a luta contra o racismo. 

    As alegorias de Mãe!

    Darren Aronofsky pode não ser um novo Kubrick ou Buñuel, como os mais excitados conceituaram ao lançamento de Mãe!. Mas é indiscutível o engajamento do público em seu novo filme. O cineasta ateu articula diversas representações baseadas na Bíblia, não só contestando, como retratando Deus como grande vilão opressor de uma jovem dona de casa explorada por um criador vaidoso, arrogante, por Ele e seus seguidores violentada com um grafismo perturbador — dentre outras coisas. Ainda assim, em um mundo tão cristão, ele provocou muita gente a refletir sobre sua parábola, (tentar) entender todas as metáforas empregadas no longa-metragem e chamou atenção até mesmo de seus detratores, haja vista a quantidade de discussões a respeito da obra. É ou não é um grande feito?

    Twin Peaks: série ou filme?

    Não é de hoje que crítico de cinema e cinéfilo (nem são gente) cisma em tratar série como filme quando um episódio do formato televisivo, fechado em si, é muito bom. Não foi diferente em 2017, graças a Twin Peaks. Embora divisiva, inclusive surgindo na lista (demente) dos piores do Hollywood Reporter, a continuação do suspense surrealista de David Lynch, 25 anos depois, foi um dos grandes marcos do ano. Um evento. Para muitos, obra-prima. Para quem perdeu tempo discutindo se a Parte 8 dessa terceira temporada — o capítulo mais louvado — devia ou não ser mencionada como filme na lista dos outros, fica um recado: apenas saiba que é algo imperdível e vá correndo ver. Vale para mim também. Fui!

    Disney compra a Fox

    O sonho de 9 em cada 10 fãs da Marvel se realizou no fim de 2017: os direitos dos X-Men voltaram para a Disney e os Mutantes de Xavier poderão se juntar aos Vingadores! Yeah!!! Mas nem todo mundo aplaudiu essa mudança. Especialmente a mídia especializada. Em primeiro lugar, porque isso se deu mediante à compra da 21st Century Fox pelo Estúdio do Mickey, gerando um monopólio visto com maus olhos por si só, como também em termos artísticos — o que nos leva a um segundo motivo.

    Afinal, o melhor filme de super-heróis de 2017 foi realizado pela Fox: Logan. Para muitos, assim também se deu em 2016, com Deadpool, e nos anos em que X-Men: Primeira ClasseX-Men: Dias de um Futuro Esquecido foram lançados. No âmbito das séries, tem como comparar a formulinha de Agents of S.H.I.E.L.D. à insanidade de Legion?! Claro que não. A questão é: embora a alegação do magnata Rupert Murdoch para a venda tenha sido uma incapacidade de competir com suas concorrentes gigantes, seu estúdio fazia um bom trabalho criativo no desenvolvimento dessas propriedades, inovando ao realizar filmes e séries de super-heróis para adultos.

    Que Bob Iger cumpra sua promessa e dê espaço para projetos da Marvel (e outros da Fox) mais ambiciosos e menos conservadores, ampliando o que estabeleceu Walt Disney.

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