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    "Malasartes e o Duelo com a Morte é um filme verdadeiro sem ser realista", explica Augusto Madeira (Exclusivo)

    Ele interpreta Zé Candinho, um homem que morre e ressuscita.

    Pedro Malasartes (Jesuíta Barbosa) parece ser apenas um rapaz trapaceiro, que passa seus dias correndo atrás da bela Áurea (Ísis Valverde) e tentando se dar bem sem trabalhar. Mas ele é o escolhido pela Morte (Júlio Andrade) para substituí-la no cargo, podendo controlar a vida das pessoas.

    Este é o ponto de partida de Malasartes e o Duelo com a Morte, superprodução brasileira em cartaz nos cinemas. Augusto Madeira interpreta o melhor amigo de Malasartes, Zé Candinho, inspirado no personagem Cândido de Voltaire. Apesar de ser enganado pelo protagonista, eles se unem, porque Candnho acredita fortemente no destino.

    O AdoroCinema conversou com o ator sobre o projeto:

    Muitos personagens sofrem transformações na história, especialmente Zé Candinho.

    Augusto Madeira: Quando ele surge no filme, parece que o Zé Candinho vai ser um trouxa do Malasartes e depois vai sumir da história. Curiosamente, eles acabam virando amigos inseparáveis. Mas a maior transformação passa a partir do momento em que ele morre e Malasartes usa pela primeira vez o dom da vida nele. Aí entra muito uma coisa que eu conversei muito com o Paulo [Morelli, diretor], que era meio complexo, mas quem assistir ao filme vai entender: quando ele morre e ressuscita, a personalidade dele muda. Ele é mais assertivo, mais firme nas decisões.

    Eu queria trazer isso para o corpo, porque como é um filme fabuloso, não queria ser realista nas soluções. Então aquela ideia de ele andar a esmo, de ter só um corpo animado, sem ter muita opinião... Fiquei curioso para ver se funcionaria no filme, porque era meio arriscado. Muita gente tinha dúvida se ia funcionar, mas o Paulo comprou a briga comigo e eu fiquei muito feliz com o resultado.

    Para um ator, é um prazer experimentar outros lugares e usar técnicas que eu aprendi no teatro - teatro de máscaras, mímica, gestual. Foi um grande barato fazer uma coisa não realista no cinema, que te cobra tanto o realismo. A gente não pode abrir mão da verdade, mas do realismo a gente pode. Então você ser verdadeiro sem ser realista é o grande barato desse filme.

    Não deixa de ter uma ingenuidade.

    Augusto Madeira: Sempre. Tem uma ingenuidade, mas ele não é bobo. Ele é ingênuo, fiel, um cara com ideias muito assertivas. Talvez ele seja ingênuo só, não trouxa. É por isso que as pessoas se cativam. Por isso o Malasartes se cativa por ele também. Ele tem valores, e isso é muito legal nele.

    Quais são os desafios de fazer um sertanejo sem cair no estereótipo? 

    Augusto Madeira: A gente teve aula de prosódia, de equitação. Gosto muito de viajar para o interior e conheço bem esse universo. A gente filmou no interior, convivemos com pessoas assim, e, acima de tudo, é o jeito de pensar. Em vez de fazer uma crítica ferraz, eu tento entender o ponto de vista de como olha e pensa a caipira. Tento pensar na pureza dele.

    Eu adoro piada de mineiro, porque na piada o mineiro é sempre esperto e tranquilo, com um tipo de raciocinar que faz a graça. A graça não está em diminuir o caipira e fazer dele uma pessoa menos inteligente, mas no jeito de pensar diferente que dá esse sabor. Acima de tudo é um filme de sabores, de cores, de cheiros. O filme tem cheiro. 

    Malasartes tem sido apresentado como o filme brasileiro com a maior quantidade de efeitos especiais na história do cinema nacional. O que isso representa para você?

    Augusto Madeira: Esse filme é o divisor de águas no que se diz respeito a efeitos visuais, e, acima de tudo, porque o Paulo simplesmente poderia ter contratado uma equipe estrangeira para fazer os efeitos visuais, mas, não, ele deu condição e liberdade a uma equipe brasileira de fazer um trabalho desse porte. A O2 Filmes desenvolveu um departamento inteiro de pós-produção, de finalização, e isso me deixa muito orgulhoso como ator de cinema nacional.

    Ter meu nome atrelado a esse projeto é, com certeza, muito bacana, mas, acima de tudo, o que me deixa feliz é que o efeito especial não está no filme pelo efeito especial, e sim porque ele está servindo a uma história. Ele está ali para dar asas a uma imaginação, ao sonho de Paulo e para construir esse mundo que seria impossível fazer sem a computação. Eu tinha medo que o mundo real não combinasse com o mundo fabuloso, mas combina. Até porque foram atrás de locações específicas, que tinham uma beleza singular.

    Então isso está bem equilibrado. O filme tem uma equipe competente de arte, de fotografia, figurino e tudo. O cinema é um grande somatório de fatores, desde o roteiro até a finalização de som, à trilha sonora. 

    O cinema brasileiro tem tido dificuldade de produzir filmes destinados ao mesmo tempo a crianças e adultos. Malasartes resolve essa equação?

    Augusto Madeira: Com certeza. É um filme que tende a agradar a gregos e troianos, mineiros e baianos. Eu acho que agrada as crianças pela história toda. Mas ele não é um filme bobo, porque traz discussões sobre a morte, o destino, a liberdade. Dentro da história popular, dos personagens populares, ele tem um monte de discussões para ter com a família, os filhos, as crianças. 

     

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