Um grupo de deficientes auditivos protestou em um cinema da cidade de Caxias do Sul (RS) no último sábado (03) demandando que fossem realizadas mais sessões legendadas — inclusive de filmes nacionais e animações.
A ação faz parte de um movimento nacional que só quer ver valer o Artigo 215 da Constituição Federal: "O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais".
O movimento "Legenda para quem não ouve, mas se emociona" já inspirou protestos em cinemas de capitais como Florianópolis (SC) e Belo Horizonte (MG).
"Vir para a frente dos cinemas é um jeito de as pessoas verem isso que solicitamos. Perdemos momentos de lazer. Temos de esperar os DVDs, mas queremos os filmes na hora em que são lançados. É respeito e acessibilidade para todos", afirmou uma das manifestantes de Caixias do Sul, a professora Carilissa Dall'Alba, professora de Libras da Universidade Federal de Santa Maria em entrevista ao jornal Pioneiro.
Em julho deste ano o tema foi manchete de jornais de todo o país quando a estudante Danielle Kraus Machado foi protestar contra o não cumprimento da lei em um cinema em um shopping de São José, na Grande Florianópolis (SC). Ela levou cartazes com os dizeres "Este cinema não respeita surdos", "Legenda para quem não ouve é lei!", "Pessoas com deficiência existem! #cadê a legenda?" e "+ legenda - exclusão #SurdosExistem" após não conseguir assistir Procurando Dory e A Era do Gelo com legendas.
Ela publicou imagens do protesto em seu perfil pessoal no Facebook e a publicação teve quase 40 mil compartilhamentos na rede social. "Essa é apenas uma das muitas situações em que pessoas com deficiência encontram dificuldade, que alguns nem julgam importante. Porém, só quem convive com ou tem alguma deficiência sabe quantas coisas já nos são privadas mesmo sendo direito", contou Danielle em entrevista ao site G1.
A Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, estabelece normas à respeito da acessibilidade de pessoas portadoras de deficiência. A lei diz, no Artigo 19: "Os serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens adotarão plano de medidas técnicas com o objetivo de permitir o uso da linguagem de sinais ou outra subtitulação, para garantir o direito de acesso à informação às pessoas portadoras de deficiência auditiva, na forma e no prazo previstos em regulamento."