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    Xingu - Exclusivas com Felipe Camargo, João Miguel, Caio Blat e Cao Hamburger

    Previsto para estrear nos cinemas na próxima sexta-feira, 6, Xingu teve uma sessão para a imprensa realizada no Rio de Janeiro e uma coletiva de imprensa na tarde do mesmo dia. Estavam presentes o diretor Cao Hamburger e o trio Felipe Camargo, João Miguel e Caio Blat. Abaixo, você pode dar uma conferida nos vídeos das exclusivas que tivemos com eles e, em seguida, ler um panorama do que foi conversado na coletiva e também nas individuais.

    por Roberto Cunha

    Com estreia marcada para esta sexta-feira, 6, Xingu teve uma sessão exclusiva para a imprensa e uma entrevista coletiva realizada no mesmo dia, no Rio de Janeiro. Estavam presentes o diretor Cao Hamburger e os atores, Felipe Camargo, João Miguel e Caio Blat. Abaixo, você tem os vídeos das exclusivas que tivemos com eles e, em seguida, pode ler um panorama do que foi conversado por lá.

    Xingu

    Entrevista exclusiva com os atores João Miguel, Felipe Camargo e Caio Blat

    Xingu

    Acidentes acontecem

    Rodar um filme numa região bem afastada da civilização é sempre um grande desafio e como um acidente de avião tinha sido noticiado durante as filmagens, abrimos a entrevista perguntando sobre a logística do projeto e as dificuldades que pintaram. Cao contou que o acidente não tinha sido o único e que os problemas começaram logo no primeiro deslocamento da equipe, quando quatro veículos quebraram de uma só vez. Sobre os problemas aéreos, disse que foram dois casos na verdade e, felizmente, sem maiores consequências. Um deles envolveu a equipe de tomadas aéreas e o outro foi causado pelas queimadas que dificultaram o pouso de parte da equipe.

    Aventura na vida real

    O diretor contou que devido a essa impossibilidade da chegada do resto da equipe, eles ficaram isolados durante três dias também sem alguns dos equipamentos. Com isso, filmaram muita coisa sem som direto, improvisando com máquinas fotográficas ou celulares que tivessem bateria. "Foi uma aventura", disse, lembrando também que Francis Ford Coppola levou mais de um ano para filmar Apocalypse Now. O problema, segundo o cineasta, foi que 2010, infelizmente, foi um ano recorde de queimadas. Rodado no Tocantins, local mais próximo de onde aconteceu a história real do filme, as filmagens aconteceram em 10 semanas e o deslocamento da equipe consumiu uma semana.

    Como encontrou "os irmãos"

    Cao (foto ao lado) brincou que essa coisa de "fazer família" é sempre um desafio e que embora exista subjetividade nessa hora, ele não teve muitas dúvidas. O fato de já ter trabalhado antes com Felipe (na série Filhos do Carnaval) e Caio (no filme O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias) ajudou e que ele já admirava muito o trabalho de João. Um detalhe que quase atrapalhou a escolha foi o compromisso de Felipe com a novela que fazia na época, mas o fato deles terem feito um pequeno atraso nas filmagens e o final da produção televisiva ter sido antecipada ajudaram para que tudo desse certo.

    Os protagonistas e os coadjuvantes

    Para o diretor, Felipe tinha traços da personalidade de Orlando Villa-Bôas, enquanto via em João algo de Cláudio, um papel mais cheio de dramas, denso e silencioso. Ele falou também da grata surpresa que foi trabalhar com atores locais, como o índio Tabata (foto abaixo), que fizeram ótimos coadjuvantes. João Miguel e Felipe lembraram da precisão dos índios com as marcações de cena e Caio fez o pessoal rir, contando que muitas vezes a cena já estava boa, era hora de parar, mas os coadjuvantes diziam que podia ficar melhor.

    Quem chegou primeiro no laboratório

    Devido ao trabalho de Felipe, Caio contou que ele e João Miguel chegaram antes e Cao os enviou por uma semana ao local para conhecer a obra dos desbravadores e a história deles. "A gente foi praticamente sem produção, sozinho. Foi um encontro muito forte". Disse também que os ensaios e a preparação seria em São Paulo e duraria um mês, mas tudo foi levado para o Tocantins e isso foi ótimo para eles.

    "A gente passava a manhã toda na mata (com os índios), conversava sobre os irmãos, víamos pegadas de onça". De acordo com o ator (ao lado com o índio Tabata), metade do dia eles "invadiam" o território indígena e a noite a situação se invertia com os índios se interando mais do trabalho do homem branco. João Miguel falou que esse convívio foi fundamental e que a construção de seu personagem aconteceu durante as filmagens através desse contato com descendentes dos personagens reais, que tinham tudo na memória. "Foi muito estimulante", concluiu.

    Como chegou até o filme?

    De acordo com Cao, o filme caiu no colo dele. Fernando Meirelles (Cidade de Deus) olhou e gostou do material que tinha recebido de Noel Villas-Bôas, filho do sertanista Orlando retratado no filme, e o convidou: "Foi um presente que eu recebi do Fernando". Cao disse ainda que ficou meio grilado no começo pelo fato da história ter chegado através da família, mas que ao conhecer os personagens e os índios, a ficha caiu e o longa tornou-se "obrigatório". Ele contou que conversou muito com os índios porque fazia questão de que Xingu também tivesse o ponto de vista deles.

    "No Xingu nada é por acaso"

    A frase dita por Dona Marina, enfermeira do projeto na vida real (interpretada por Maria Flor) e mais tarde esposa de Orlando, foi citada por Cao para ilustrar os altos e baixos do projeto e entender que tudo no fim das contas tem um sentido. Ele contou que o projeto levou cinco anos para chegar nos cinemas (um ano e meio só de pesquisa), mas ninguém cogitou desistir no meio do caminho.

    Coincidências da vida

    Caio também lembrou a frase dela, ressaltando que ele (Leonardo) e João Miguel (Cláudio) foram primeiro do que Felipe (Orlando), reproduzindo exatamente o que aconteceu na vida real e foi retratado no filme, quando os dois irmãos mais novos chegaram primeiro ao local. Mas a coincidência não parou por aí. Com as reservas do Xingu sendo ameaçadas nos dias de hoje por conta de obras da Usina Belo Monte e desmatamentos constantes, Cao foi taxativo: "É o momento certo de contar essa história". Segundo ele, além da importância de mostrar o trabalho dos três irmãos na criação do Parque Nacional do Xingu, essa "atualidade" merece destaque: "Se a sociedade não se tocar, a gente pode perder uma grande chance".

    "Deu o maior medo"

    Felipe conta que mal eles chegaram, eles entraram na selva com a equipe e de repente, mais adiante, cerca de 20 índios cercaram eles de maneira agressiva: "Cara, eu fiquei branco, com muito medo, porque foi muito real", disse ele, ilustrando as expressões de raiva (foto) e a respiração ofegante dos guerreiros. Com o pessoal rindo da sinceridade do ator, perguntamos se somente ele tinha caído na pegadinha, mas João Miguel contou que rolou uma "irmandade", fazendo o pessoal rir ainda mais.

    Ligação com o meio-ambiente

    "Essa história me cativou e a toda a equipe pelo aspecto contemporâneo, mesmo tendo se passado há mais de 50 anos. É uma história que não terminou". Perguntados se tomaram cuidados nas questões com o ambiente, frisou que recolhiam todo o lixo produzido e que usaram madeiras certificadas (eucalipto) e trabalhadas para parecer as árvores nativas. A preocupação ambiental também chegou na luz. "A gente usou uma estrutura pequena de iluminação", lembrando que o diretor de fotografia Adriano Goldman (Cidade dos Homens) já trilha esse caminho, mas que ele radicalizou um pouco mais em Xingu. "Tem uma cena noturna que é filmada só com uma lanterna".

    Lição de vida

    Tanto na coletiva, quanto na entrevista exclusiva, notou-se claramente que a experiência mudou a vida dos participantes. Felipe fez questão de comentar sobre as nascentes dos rios que formam o Xingu e os problemas que os habitantes originais vêm enfrentando atualmente, pois o rio é o "supermercado" daquele povo. Felipe destacou que ansiedade é uma palavra que não existe no dicionário deles. Destacou a honra, pois nada está escrito, mas tudo é cumprido. "Eles vivem o dia a dia. A gente tem muito o que aprender com eles", disse Camargo. Indignado com o preconceito da sociedade, Cao lembrou que 80% dos brasileiros têm DNA índio e sentenciou: "Ainda matamos índios. Falta entender a cultura deles".

    Caio, por sua vez, disse que os aromas da primeira visita são inesquecíveis, falando do cheiro adocicado dos habitantes, que tomam banhos constantes no rio e estão sempre untados com óleos naturais. Ele provocou risadas quando fez paralelo com a chegada do homem branco com roupas molhadas de suor, botas com chulé, cabelos grandes. "Já banhou?", foi a pergunta que João Miguel disse ter ouvido várias vezes dos nativos. O ator revelou-se encantado com todo o processo pelo qual passou e frisou que o branco precisa respeitar o índio. Tabata falou que foi "muito legal" fazer o filme e pediu apenas respeito para seu povo.

    Planos para o filme e para carreira

    Cao lembrou que o maior sucesso do mundo (Avatar) baseou sua história na cultura indígena. Sobre Xingu, disse ter sido selecionado para o Festival de Tribeca e sobre a boa recepção ocorrida no último Festival de Berlim, com quatro sessões cheias, aplaudidas, além de um prêmio do voto popular. Sobre a carreira, em uma conversa reservada com o AdoroCinema, contou que tem material para transformar Xingu em uma microssérie de quatro capítulos para a TV e que pretende realizar outro filme sobre a cultura indígena, focada nos nativos que ainda não tiveram contato com os brancos. O roteiro está sendo desenvolvido com Maira Buhler, do documentário Ela Sonhou que eu Morri (2011).

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