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    "Um filme sem sorte": Diretor de Círculo de Fogo relembra o pior fracasso de sua carreira
    Jefferson Sousa
    Jefferson Sousa
    Jornalista, documentarista e pesquisador de cultura popular. Ama contar e ouvir histórias especiais de pessoas comuns.

    O maior fracasso de bilheteria que Jean-Jacques Annaud já sofreu em sua carreira, His Majesty Minor, lançado em 2007, foi massacrado pela crítica e pelo público.

    Vincent, ele está se movendo! Ele tem uma força considerável. E quando você diz a ele que vai acasalar com uma árvore, ele dá uma gargalhada, ele adora! Os atores estão procurando papéis improváveis, que eles não farão novamente nunca mais, do que eles jamais poderiam imaginar... Vincent nunca poderia imaginar, enquanto fazia a Escola de Circo ou ouvia o seu pai, que um dia lhe seria oferecido para interpretar um ser meio homem, meio cabra com uma árvore fêmea como companheira! Acredito que quando estamos em nossos trabalhos, estamos procurando por isso. Então ele aceita na hora, por isso mesmo.

    "FALAR DE UM FRACASSO ESPETACULAR AINDA É FALAR DE UM FRACASSO"

    Essas são as palavras cheias de afeto por Vincent Cassel, que Jean-Jacques Annaud citou sobre seu filme His Majesty Minor, lançado nos nossos cinemas em outubro de 2007. Dizer que esta fábula ambientada na Grécia Antiga foi massacrada em pedaços pela imprensa e pelo público, ainda é um eufemismo.

    "Uma grande farsa [que] continua a ser produto de uma composição misteriosa", apontou o jornal Ouest France. "Falar de um fracasso espetacular ainda é falar de um fracasso", ironizou, entre outras gentilezas, o jornal Liberation. "Jean-Jacques Annaud infelizmente assina um filme que, em última análise, só pode reivindicar um recorde: o de mau gosto. De partir o coração", escreveu Positif.

    StudioCanal

    Com um grande orçamento de 26 milhões de euros, His Majesty Minor atraiu pouco mais de 139 mil espectadores. O pior resultado já registrado para Annaud. Até mesmo seu filme O Príncipe do Deserto, também um grande fracasso e lançado quatro anos depois, atraiu 215 mil espectadores.

    Ou seja, um tapa violento para um cineasta que sempre conseguiu chegar às alturas das bilheterias, como havia mostrado seu filme anterior, Era uma Vez Dois Irmãos, três anos antes, que havia atraído mais de 3,3 milhões de espectadores.

    Inaugurando com His Majesty Minor uma formidável série de jornais de verão dedicados a essas comédias francesas que foram enormes fracassos de bilheteria, o jornalista Jérôme Lachasse retornou ao site da BFM com os bastidores do filme, envolvendo muitos testemunhos e memórias.

    StudioCanal

    Como a de Vincent Cassel: "É o meu chute de Zidane. Ele queria mostrar que era como todos os outros, que sua mãe era mais importante do que ser campeão mundial. Em algum momento, precisamos de normalidade. Fui homenageado por décadas no exterior. Tive a sensação de estar em outro planeta, fora da realidade. Ao fazer Minor, talvez no fundo eu estivesse procurando o fracasso."

    Entre as quebras de tons dentro do próprio filme, como cenas que começam como comédia e terminam em tragédia, surgiram problemas na pós-produção, um período de gravações reduzido por suas semanas, cenas complicadas com com animais e um José Garcia pronto a dar tudo pelo seu papel.

    StudioCanal

    Mas, à medida que o lançamento se aproximava, a equipe duvidava. As primeiras exibições para a imprensa foram catastróficas. "Os jornalistas odiavam. Eles sentiam como se estivessem sendo forçados. Só fizemos uma vez. Achei que tinha o direito, como na Pivot, de dizer aos meus amigos jornalistas que era um filme diferente. É o meu filme! Tenho todo o direito de vir!"

    Annaud acrescentou:

    É lamentável, porque a criação vem da liberdade e da diversidade da obra. Claramente, fui longe demais. [...] Foi uma explosão de felicidade para todas as pessoas que esperavam que eu fracassasse. Fico feliz por tê-los feito felizes.

    Com o título original Sa Majesté Minor, o filme pode ser alugado no Apple TV+.

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