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    Úrsula foi inspirada em uma pessoa de verdade, mas ela nunca conseguiu se ver em A Pequena Sereia; compare as fotos
    Lucas Leone
    Lucas Leone
    -Redator | Crítico
    Lucas só continua nesta dimensão porque Hogwarts ainda não aceita alunos brasileiros. Ele até tentou ir para Westeros ou o Condado, mas perdeu a hora do Expresso do Oriente. Hoje, pode ser visto escrevendo no Central Perk mais próximo.

    Não só a aparência da drag queen Divine, como também sua personalidade e seu modo de falar serviram de base para a arqui-inimiga de Ariel.

    Além de Peter Pan & Wendy, outro live-action bastante aguardado da Disney em 2023 é A Pequena Sereia, estrelado por Halle Bailey, Jonah Hauer-King, Melissa McCarthy e Javier Bardem. Com a estreia cada vez mais próxima (25 de maio no Brasil), muitos fãs vêm revisitando a clássica animação de 1989, que ajudou o estúdio a se recuperar do marasmo e deu início à fase conhecida como “Renascimento”. Mas você sabia que Úrsula, a grande oponente de Ariel, foi inspirada em uma drag queen?

    Trata-se de Divine, nome artístico de Harris Glenn Milstead. Nascida em Baltimore, em 1945, ela se tornou uma estrela do cinema underground americano, tendo participado de cerca de 20 filmes entre 1960 e 1980. Pink Flamingos, Mondo Trasho e Problemas Femininos são alguns deles, todos dirigidos por John Waters – de quem Divine era vizinha na juventude. A última colaboração dos dois foi o musical Hairspray, de 1988, em que a drag assumiu o papel de Edna Turnblad, mais tarde desempenhado por John Travolta.

    Walt Disney Pictures/New Line Cinema
    À esquerda, Úrsula em A Pequena Sereia; à direita, Divine em Pink Flamingos.

    Foi nessa época que o caminho de Divine cruzou com o de A Pequena Sereia. Os diretores John Musker e Ron Clements apresentaram a performer ao produtor do longa e chefe do departamento de música, Howard Ashman. Também gay e natural de Baltimore, ele conhecia o trabalho de Divine graças às obras de Waters e parecia entender seu humor ácido, seu linguajar obsceno e sua montação exagerada, que ia propositalmente na contramão dos padrões de beleza.

    Quando Ashman se juntou à produção, a equipe já estava trabalhando nos esboços de Úrsula. Ao ver as ideias do animador Rob Minkoff no papel, o produtor se lembrou logo de Divine e resolveu usá-la como inspiração. O desenho original era ligeiramente diferente, com a vilã ostentando uma cauda de tubarão ao invés de tentáculos e um penteado moicano rosa.

    “Ela parece uma matrona de Miami Beach”, disparou Ashman na ocasião (via Hazlitt). Ele disse a Musker e Minkoff que podia facilmente imaginar Úrsula “jogando mahjong na beira da piscina”. Com alguns ajustes, ela se transformaria na malvada que conhecemos tão bem hoje: uma mulher-polvo gorda, com maquiagem exuberante e cabelos esvoaçantes.

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    Não foi apenas a aparência de Divine que serviu de base para a arqui-inimiga de Ariel; sua personalidade e seu modo de falar também. Ashman treinou pessoalmente a dubladora Pat Carroll para que desse a Úrsula todo o sarcasmo e o glamour da drag.

    “Acho que Howard amava a personagem”, declarou Pat certa vez (via The Disney Classics). “Acho que ele realmente a amava porque ela era teatral.” Não à toa, existe uma demo em que o próprio Ashman canta “Poor Unfortunate Souls”. Confira a seguir:

    Infelizmente, Harris Glenn Milstead morreu de insuficiência cardíaca em março de 1988, mais de um ano antes da estreia de A Pequena Sereia. Segundo John Waters e Jeffrey Schwarz, que produziram um documentário sobre Divine, ela teria ficado muito feliz com a homenagem e certamente teria emprestado sua voz a Úrsula.

    A Pequena Sereia
    A Pequena Sereia
    Data de lançamento 15 de dezembro de 1989 | 1h 23min
    Criador(es): John Musker, Ron Clements
    Com Jodi Benson, Claire Guyot, Christopher Daniel Barnes
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    4,3
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