M. Night Shyamalan é associado principalmente a uma coisa: reviravoltas. Desde O Sexto Sentido, provavelmente o filme mais arruinado por spoilers de todos os tempos, o cineasta indiano tentou em cada uma de suas obras deixar seu público maravilhado com uma grande surpresa do cinema. Às vezes funciona, mas de vez em quando o projeto pode passar despercebido ou ignorado.
É o caso também de Tempo, que estreou nos cinemas em 2021 e pode ser assistido no Telecine. Mesmo que a adaptação acabe não resultando em um grande filme e a reviravolta no final, em particular, se destaque como um fator negativo, sempre há momentos em que M. Night Shyamalan prova seu talento como diretor. Duas sequências em particular ficarão gravadas na sua memória por muito tempo.
Do que se trata Tempo?
Old apresenta Guy (Gael García Bernal) e Prisca (Vicky Krieps) de férias com seus filhos Trent (Nolan River) e Maddox (Alexa Swinton) e passam um dia em uma praia isolada e escondida. Porém, eles não têm o mar só para eles, porque logo mais pessoas aparecem na praia. Mas isso não é o maior problema...
Enquanto nadava, o jovem Trent encontra o corpo de uma mulher, que momentos depois fica completamente esqueletizada. E as crianças de repente envelhecem muito rápido, o que não deixa apenas Trent (agora: Alex Wolff) completamente perturbado. Parece que todo mundo que passa tempo na praia envelhece em um ritmo acelerado. É de se temer que a maioria dos veranistas esteja morta o mais tardar na manhã seguinte. E o pior de tudo isso: parece não haver escapatória.
Uma história de terror desajeitada
A crítica oficial do AdoroCinema conclui: "Em uma tentativa de entregar um plot twist memorável, o cineasta acaba deixando as reflexões provocativas de lado para entregar um desfecho convencional ao público. Talvez a maior vitória da obra seja o seu mistério. A gama de pensamentos incitados pelo desconhecido é fascinante. E quando as respostas são fornecidas de maneira ordinária, o lado sensível e emocional do filme é deixado de lado. Mesmo assim, as temáticas avassaladoras de Old irão permanecer nos seus pensamentos por dias, e apenas por isso, o título se torna uma parada obrigatória na polêmica filmografia de M. Night Shyamalan."
Diretor de Batem à Porta, M. Night Shyamalan relembra primeiro encontro com Spielberg: "Quase uma divindade"O fato de Tempo não funcionar bem no final não é apenas porque Shyamalan não consegue decidir entre uma história de dormir ruim, humor lacônico ou moralidade batida, mas também porque ele simplesmente não constrói bem seus personagens. Longe do núcleo familiar, personagens como o rapper Mid-Sized Sedan (Aaron Pierre) ou o médico Jarin (Ken Leung) parecem estranhos e deslocados.
Mas o que M. Night Shymalan mais uma vez domina maravilhosamente são os momentos tranquilos e interpessoais nos quais o espírito dramático gentil do original também é expresso no filme. Além disso, há dois momentos que ficam gravados em sua memória (spoilers!): A sequência realmente diabólica de fraturas ósseas horríveis que só cicatrizam deformadas e a visão extremamente perturbadora de uma gravidez que avança rapidamente com um desfecho trágico. Aqui Shyamalan se mostra inspirado na área do horror corporal.