Eis um road movie argentino. A vovó Emília (Graciana Chironi), que reside em Buenos Aires como a maior parte de sua família, recebe um telefonema de sua irmã, que a convida para ir à festa de casamento do filho. Detalhe: a irmã de Emília mora na pequena e distante cidade de Missões, próximo da fronteira do Brasil. A vovó faz uma "pressãozinha psicológica" para que todos os familiares de Buenos Aires viajem para Missões. O meio de locomoção é uma espécie de trailer meio desgastado pelo tempo, que conduzirá 12 pessoas durante 2 dias. Nesse contexto de puro "apertamento" as paixões e as confusões são diversas. Primos adolescentes se apaixonam, filha debulha-se em lágrimas pelo fato do namorado tê-la deixado devido ao uso de drogas, etc e tal. O diretor Trapero, com a câmera nas mãos, mostra-nos a paisagem da região norte da Argentina, o aparecimento dos charcos, o calor que faz na região e o lado bucólico e de século XIX que ali existe. O final da viagem é terrível, pois o meio de transporte enguiça, as brigas entre os protagonistas masculinos culminam com a expulsão de um deles (estava dando em cima da cunhada). A comoção é geral. Mas, o objetivo é chegar em Missões. Após passar por todas as dificuldades possíveis e imagináveis - com uma parada à beira de um rio que não deixa nada a dever aos farofeiros que freqüentam a Baixada Santista - 11 dos 12 integrantes da família chegam na hora do casamento. A festa tem um saborzinho gaúcho regrado à molho caipira. As nossas origens - brasileiras, argentinas e paraguaias - é no charco, minto, é no pântano, como Lucrecia Martel evidenciou em seu maravilhoso filme homônimo. É saboroso ver o crescimento da cinematografia latina, muito embora, "FAMÍLIA RODANTE" esteja longe de ser uma obra de arte.