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    As Aventuras de Tintim
    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    As Aventuras de Tintim

    Aventura à Moda Antiga

    por Francisco Russo

    Nos dias atuais é comum confundir aventura com ação. Afinal de contas, o estilo frenético e com cenas de ação ininterruptas ganhou força em Hollywood após o sucesso de A Identidade Bourne, diluindo o espaço reservado à aventura tradicional. O melhor exemplo disto é o recente Sherlock Holmes – O Jogo de Sombras, que aposta firme na ação em detrimento de uma história bem elaborada. Coube a Steven Spielberg, que recriou o gênero com Os Caçadores da Arca Perdida lá nos anos 80, dar um novo fôlego através de um formato completamente novo para ele: a animação.

    Animação que surpreende logo de início, com uma abertura no melhor estilo Prenda-me Se For Capaz – também de Spielberg –, onde os personagens em 2D surgem em uma espécie de prévia da história que será contada. Tudo ao som da belíssima trilha sonora composta por John Williams. Uma bela sacada logo quando o filme começa faz com que a tradicional imagem de Tintim, criada por Hergé para os quadrinhos, seja apresentada em contraponto à sua versão em animação computadorizada em 3D. O impacto é inevitável e extremamente positivo, ressaltando a qualidade da animação.

    As Aventuras de Tintim tem muito de Indiana Jones em sua essência. A começar pelo personagem principal. Se Indy era um arqueólogo que vivia aventuras para encontrar artefatos para a universidade em que trabalhava, Tintim é um jornalista disposto a viver aventuras em busca de boas matérias. Muda-se a profissão, mas não o interesse principal. O cenário também é semelhante, já que a história não é situada nos dias atuais. Há um clima antigo e requintado, presente não apenas nos locais visitados mas também no jeito de agir e se portar dos próprios personagens. Uma certa ingenuidade que não combinaria com o cinismo dos dias atuais e que, também por isso, encanta.

    A história leva Tintim em busca do segredo do Licorne, um navio cuja réplica ele compra em uma feira qualquer, sem saber que dentro há um mapa escondido. Logo o objeto é alvo de Sakharine, cujo interesse desperta em Tintim a curiosidade em saber mais sobre a história do navio – típico cacoete de jornalista quando fareja uma boa história. Após ter a réplica roubada e ser ele próprio capturado, Tintim e seu inseparável cachorro Milu se vêem em alto mar, presos em um navio. Na tentativa de escapar eles encontram o capitão Haddock, beberrão convicto que tem importância fundamental no desenvolvimento da trama.

    Contando com uma animação exuberante, que impressiona pela luminosidade usada ao retratar a neblina, As Aventuras de Tintim também chama a atenção pela captura das expressões faciais de seus personagens. Trata-se do melhor filme já lançado que utiliza o método de captura de movimentos, onde os atores atuam com sensores no corpo e seus movimentos são transportados para os personagens em animação. A qualidade oferece um ar de realismo à história, somado às belas dublagens feitas por Jamie Bell (Tintim), Daniel Craig (Sakharine) e Andy Serkis (Haddock).

    As Aventuras de Tintim resgata um estilo de aventura que parecia perdido no cinema atual, onde não apenas as sequências de ação estão presentes mas também uma história bem desenvolvida que as justifique. É, de certa forma, um filme de detetive inserido no gênero aventura, pela necessária investigação até que cada elemento da história seja revelado. Destaque também para o lado cômico, presente não apenas no capitão Haddock, mas também nos policiais Dumond e Dumont e no impagável batedor de carteiras. Elementos que dão ao filme uma aura de diversão que Spielberg tão bem sabe fazer – quando acerta a mão. Felizmente, é este o caso. Muito bom.

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