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    Hare Krishna! O Mantra, o Movimento e o Swami que começou tudo
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    Hare Krishna! O Mantra, o Movimento e o Swami que começou tudo

    Uma alma inspiradora

    por Rodrigo Torres

    Bhaktivedanta Swami Prabhupada. Um nome difícil que não combina com o homem simples que ele foi em vida. Mas representa perfeitamente a complexidade de sua missão: levar aos Estados Unidos dos anos 60, de crença plena no sonho americano, um ideal de mundo menos materialista, mais coletivo e, principalmente, espiritual. A história dele é o tema de Hare Krishna! O Mantra, O Movimento e o Swami Que Começou Tudo — título este nada difícil, longo, mas síntese perfeita do que se trata o filme.

    Convencional também é o formato do documentário de Lauren Ross com o casal John e Jean Griesser. Tal como o recente A Imagem da Tolerância, sobre Nossa Senhora Aparecida, Hare Krishna! se empenha em difundir a filosofia que habita um símbolo. Neste sentido, mesmo quando a banalidade do registro cansa ou a montagem peca em repetir as mesmas imagens insistentemente (a mesma foto de Prabhupada jovem ganha a tela de maneira incontável), a relevância da mensagem, inerente aos seus valores, permanece intacta.

    Em termos de engajamento por meio da narrativa, Hare Krishna! tem todo um contexto como trunfo. O principal deles é o fato de os fotógrafos John e Jean Griesser terem registrado em tempo real a trajetória de Prabhupada pela América. Assim, o documentário ganha em belas imagens granuladas de seu arquivo em 16 milímetros, potencializadas pela aplicação pontual do recurso da câmera lenta. Da mesma forma, quando a narração descreve a renúncia do Swami, nascido em uma Índia colonial, para enfrentar sozinho e com alguns panos o inverno rigoroso de Nova York, a tela mostra o personagem atravessando de fato as ruas frias da cidade sob neve.

    Desse modo, Hare Krishna! consegue contar e convencer sobre a história de um homem muito humilde que alcançou um feito extraordinário. Prabhupada é humanizado como uma figura real, debilitada, que duvidou de si mesma, mas nunca abandonou sua filosofia e sua fé — até mesmo quando necessário ceder o pouco que tinha para acolher mais pessoas. Tamanha insistência em um objetivo, e tamanha era sua integridade, que o Swami virou um ícone transformador na vida de pessoas, alguns artistas do porte de Allen Ginsberg e George Harrison, e até mesmo na história jurídica norte-americana. Sua biografia é inspiradora.

    Por outro lado, é inegável a articulação pouco inspirada do gênero documental em Hare Krishna!. O que limita a obra de Ross com os Griesser ao plano dos muitos filmes do gênero pertinentes em termos de registro histórico, mas frágil como peça de entretenimento ou em seu convite à reflexão, sem grande potência para comover a todos. Enfim, um filme que fala diretamente aos convertidos. Aos não iniciados, restam seus bons momentos de contextualização com um grande momento da História: os Estados Unidos dos anos 60, da contracultura, dos movimentos sociais e da influência dos Beatles.

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