É só ver para perceber: Como Eu Era Antes de Você tem todos os ingredientes para ser um filme teen: adaptado de um romance best-seller — nesse caso da escritora Jojo Moyes; protagonizado por dois astros da cultura pop — Emilia Clarke (Game Of Thrones - 2011/atualmente) e Sam Claffin (trilogia Jogos Vorazes - 2012/2015); a trilha sonora popular e o romance convencional — nesse caso nem tão convencional assim. Sendo assim o filme que também é roteirizado pela autora da obra original foi vendido como um produto que visa agradar o público adolescente, em específico o feminino. Claro que há o fato de que Como Eu Era Antes de Você se tornar uma catástrofe apesar disso, como é o caso de Simplesmente Acontece (2014) — também estrelado por Claffin; ou o longa também poderia se sair excelente, como é o exemplo de A Culpa é das Estrelas (2014). Então sem mais delongas, em qual quesito o longa estrelado pela Daenerys Targaryen de Game Of Trones se encaixa? Bom, em nenhum dos dois. Como Eu Era Antes de Você se torna na verdade um meio termo entre ruim e bom — ou seja, um filme legal.
Entrando na onda de adaptação de best-sellers do gênero drama-romance, Como Eu Era Antes de Você conta a história do jovem empresário bem-sucedido Will Traynor (Sam Claffin) que num dia acaba sendo atropelado por uma moto e seu corpo se torna inútil do pescoço para baixo; tendo essa mudança de vida drástica e agora tendo de viver para sempre numa cadeira de rodas, Will se torna cínico e sarcástico e isso preocupa seus pais: Camilla (Janet McTeer) e Steven Traynor (Charles Dance). Enquanto isso, a jovem Louisa Clark perdeu o emprego na cafeteria e procura um novo. Ela acaba indo trabalhar como cuidadora do jovem Will, mas acaba descobrindo que tudo não é tão fácil como parece ser, pelo temperamento difícil de lidar do jovem. Porém, determinada, Louisa continuará ao lado de Will, tentando mudar sua percepção quanto a vida.
Thea Sharrock encara o desafio de dirigir a adaptação que conta com inúmeros fãs para o cinema. De acordo com a reação do público em geral, felizmente Sharrock agradou os fãs e conseguiu trazer a essência do livro para a sétima arte. Contudo, tecnicamente falando, será que Thea Sharrock conseguiu mesmo trazer um bom e agradável trabalho para as telonas?
Como dito anteriormente, o filme não passa de legal. Isso se deve em sua maioria mais ao ritmo do filme que oscila bastante. Porém, o filme conta com elementos que agrada o público feminino, sendo assim ese não percebe; contudo, o público masculino que o acompanha pode ser sentir incomodado com essa perca de ritmo, que Thea Sharrock e a roteirista Moye recuperam em raros momentos — e acredite, bastante raros.
Desesperado por agradar seu público alvo, Como Eu Era Antes de Você também dá atenção a suposta doença de Will e a usa como clímax do romance para assim dramatizá-lo — como ocorre em A Culpa É das Estrelas. E assim como ocorre em A Culpa É das Estrelas, aonde boa parte de pacientes de câncer não aprovam o filme, cadeirantes e tetraplégicos não podem gostar muito de Como Eu Era Antes de Você, já que o filme, através de Will, mesmo com os momentos felizes ao lado da jovem Louisa, oferece uma visão pessimista do cadeirante quanto ao mundo. Dito isso, se você é cadeirante não deposite expectativas no filme, pois ele provavelmente pode lhe ofender. E para dar mais ênfase ao pessimismo do personagem de Claffin, o direto de fotografia, Remi Adefarasin, sempre procura escurecer a tela — numa tonalidade normal — nos primeiros contatos de Louisa com Will.
Contudo estamos falando de uma ficção, então por isso não podemos transitar diretamente para o real. E voltando ao filme está na hora de falar da — catastrófica — atuação de Emilia Clarke no papel de Louisa Clarke. A britânica que desempenha um papel longe de ruim na mega produção que é a série Game Of Thrones, aqui faz um péssimo desempenho desde a sua patricinha Sarah Connor em O Exterminador do Futuro: Gênesis. Parecendo mais que ficou chorando o dia inteiro no set e que foi espancada no rosto, Emilia Clarke dá sua velha atuação robótica e arqueia tanto as sobrancelhas — praticamente em todas as suas reações — que dá para perceber, mesmo sem zoom, sua testa enrugada que mais parece a de uma velha senhora. Fora isso, a atriz dá apenas esmeros gritos e passa de longe de uma atuação boa.
E muito diferente de Emilia Clarke, Sam Clafin, que protagoniza o filme com a arqueadora de sobrancelhas, talvez faça um de seus melhores papéis de sua carreira até agora. O fato é que Clafin é talentoso, mas infelizmente a sua beleza se destaca mais que o talento propriamente dito. Sendo assim, talvez esse seja o primeiro trabalho que Clafin usa mais do elemento talento que o beleza.
A dinâmica de ambos os protagonistas também é excelente e todo o seu desenvolvimento é bem trabalhada, apesar de certa falta de ritmo por parte do filme. O casal enfim cumpre com o objetivo, que é fazer com que o espectador acompanhe a trajetória de ambos e torça para eles. Nisso o filme consegue acertar e felizmente muito, já que é o elemento principal que atrai seu público alvo.
Me Before You (no original) não pode ser um filme excelente, mas assim como os filmes de ação atraem o público masculino, aqui o drama usa do romance para atrair o feminino e faz isso muito bem. Apesar de alguns tropeços já esperados e de um péssimo desempenho que Emilia Clarke dá a produção, o longa adaptado do romance de Jojo Moyes e dirigido por Thea Sharrock cumpre com a sua premissa e se torna um bom romance para assistir ao fim de tarde com sua acompanhante — ou o seu acompanhante.
Nota: 6.6/10