No filme Mundo Cão, o público gosta dos cachorros, mas se decepciona com os homens. Nenê, interpretado por Lázaro Ramos, era um bandido desalmado e arrogante, que com uma arma na mão se julgava dono do mundo. Babu Santana é o caçador de cães abandonados. A estória tem seus altos e baixos. Um ônibus em alta velocidade na avenida causa um susto. A vibração baixa e o desinteresse dos órgãos públicos desanimam. A corrupção é um ingrediente na vida acomodada focada nas necessidades básicas, cuja distração vai do cigarro ao futebol e televisão. O linguajar é baixaria. Mas quem trata os outros como cachorro, também acaba tendo vida de cão. Mundo cão é o nosso mundo, com todas as deficiências produzidas pelos seres humanos, sem beleza, sem aspirações mais elevadas. As pessoas nascem, crescem sem compreender a vida, sem se preocupar com a melhora da qualidade humana e vão vivendo até que alguma desgraça as despertem, então querem fazer justiça com as próprias mãos, mas aí a consciência pode aparecer e impedir as atitudes de absoluta frieza. Com o passar do tempo as coisas se ajeitam, mas os traumas ficam adormecidos porque não há o saber e respeito às leis da Criação que é um dever do ser humano, e os mais fortes e astutos querem se sobrepor, gerando ódios e insatisfação, e o mundo se torna “cão”, áspero e inóspito, sem visão de melhor futuro, pois tudo converge para o sufocamento da alma, e o ser humano sem a participação da alma, vira coisa.