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    Música, Amigos E Festa
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    Música, Amigos E Festa

    Filme em forma de rave

    por Bruno Carmelo

    O projeto de Música, Amigos e Festa pode deixar o espectador cético ao primeiro contato: o filme escolhe uma porção de atores e atrizes musculosos, brancos, belíssimos e bem vestidos para representarem os jovens da periferia, que trabalham duro para conseguir o pão de cada dia, enquanto atravessam grandes crises filosóficas sobre a ausência de laços familiares e afetivos. O drama aparenta ser um retrato sobre a triste vida dos WASP.

    No entanto, o elemento que mais chama a atenção neste projeto não é o roteiro, e sim as escolhas estéticas do diretor Max Joseph. Em seu primeiro longa-metragem de ficção, o cineasta usa e abusa de todos os recursos possíveis para tornar o filme cool, pop, antenado com os jovens dos tempos de YouTube, Facebook e outras redes sociais. A montagem é veloz, a imagem alterna entre cores de modo frenético, animações invadem a cena, letreiros se sobrepõem à imagem, a música ocupa o ambiente sonoro o tempo todo. Esta é uma avalanche de estímulos, de cores, sons e imagens.

    O estilo excessivo pode cansar ao longo da projeção, mas se existe um projeto capaz de absorver esta escolha, este é Música, Amigos e Festa. Afinal, a intenção é reproduzir o ritmo das festas intensas, da batida da música eletrônica, da vida instável e um tanto vazia dos jovens em tela. Neste sentido, a estética é pertinente, conseguindo reproduzir o ritmo eletrizante das festas e a batida dos DJs.

    A história, em si, não surpreende: temos um triângulo amoroso com dois DJs (Zac Efron e Wes Bentley) brigando pela mesma mulher (Emily Ratajkowski, em um papel tristemente superficial), o amigo em dificuldade, os jovens descobrindo que a especulação imobiliária prejudica a vida das pessoas. São lições morais leves, ingênuas, destinadas a um espectador desconectado da realidade política e social americana, que talvez descubra nesta produção suas primeiras insinuações de falência do modelo capitalista.

    Zac Efron faz o que pode no papel principal, mas seu personagem letárgico não dá margem a grandes reflexões. Os coadjuvantes ao redor são mais expressivos, e melhor escalados para seus papéis: Shiloh Fernandez, Jonny Weston e Wes Bentley trazem um vigor que compensa a apatia do protagonista. Seria interessante descobrir o que esses personagens pensam, como lidam com suas famílias, com o amor, mas o roteiro está convencido de que Cole Carter (Efron) é suficientemente interessante para monopolizar a narrativa.

    Por fim, Música, Amigos e Festa funciona como uma distração eficiente. Para compensar suas reflexões humanistas triviais e o discurso ingênuo sobre a arte (“Basta acreditar em seus instintos, ser original, buscar sons orgânicos”), a imagem soterra o espectador com batidas eletrônicas e cenas que funcionam como o equivalente imagético de uma rave. Para este projeto, isso pode ser exatamente o que o espectador está esperando.

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