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    La La Land - Cantando Estações
    Críticas AdoroCinema
    5,0
    Obra-prima
    La La Land - Cantando Estações

    O renascimento do musical

    por Renato Hermsdorff

    Depois dos dez minutos iniciais da sequência de aberta de La La Land - Cantando Estações, a vontade que dá, imediatamente, é de sair correndo da sala do cinema. O propósito se justifica pelo medo de que as quase duas horas de projeção que ainda restam não estejam à altura da genialidade do início do filme. Se quer uma dica: não sucumba.

    A cena em questão é um plano-sequência bem complexo, no qual as pessoas abandonam seus carros em um engarrafamento para cantarem. Cantarem? Sim, depois de comandar o tenso – e brilhante – Whiplash - Em Busca da Perfeição, Damien Chazelle resolveu investir seus esforços em um gênero considerado quase datado hoje em dia.

    Quando você se dá por satisfeito (e olha que só se passaram dez minutos), entra em cena Emma Stone. A partir daí, você tem três minutos para se apaixonar – ou pedir o seu dinheiro de volta. No longa, ela é Mia, a atendente de uma cafeteria localizada no perímetro de um grande estúdio, aspirante a atriz que, apesar do talento, só leva pau nas audições.

    O caminho dela vai se cruzar com o de Sebastian (Ryan Gosling), um pianista igualmente hábil, tal qual malsucedido, que sonha em perpetuar o jazz – vertente da música que combina os instrumentos de forma “conflituosa e complementar, mas que está quase morrendo”, provoca o personagem, numa alusão que pode ser facilmente aplicada ao musical como gênero cinematográfico.

    Escrito pelo mesmo Damien, o roteiro do filme puxa pela mão esses dois tipos arquetípicos e os joga na pista de dança que tem Hollywood como cenário. Ao mesmo tempo em que o colorido da fotografia e do figurino possam passar a impressão de que a história se passa nos anos 1950/ 1960, os carros e celulares lembram que é hoje que Stone e Gosling estão dançando na sua frente. Mais do que uma homenagem (há várias) à "Era de Ouro" dos musicais, a nostalgia é apenas trampolim. E o que o realizador faz é revigorar o gênero.

    A montagem dinâmica se dá sob uma iluminação exagerada (quase neon), para lá de poética – é possível notar algumas pinturas de Edward Hopper (1882 a 1967) espalhadas por aí. E cada gesto dos atores, apesar de milimetricamente calculado, soa natural e resulta simbólico. Chazelle usa todos (to-dos) os elementos técnicos do cinema a favor de sua história.

    A respeito da tal química entre os atores protagonistas (já testada e aprovada em Amor a Toda Prova), aqui, ela é ainda mais efusiva. Emma e Ryan não existem um sem o outro no filme – embora o papel dela seja ainda mais charmoso – e representam com uma apaixonante verossimilhança as mais variadas etapas do amor, da provocação quase adolescente (e irresistivelmente deliciosa) do primeiro contato, àquele momento em que, de fato, um não vive sem o outro. (Desde já estão todos convidados para um piquete na porta do Teatro Dolby, em Los Angeles, caso ela, pelo menos, não seja indicada ao Oscar).

    Nesse ponto, caberia a pergunta: “, mas cadê o conflito aí?” E é aí que Damien Chazelle surpreende – mais uma vez – e redireciona a trama para um lugar ainda mais conflituoso e complementar. Romântico, exagerado, divertido, La La Land - Cantando Estações é um filme obrigatório.  

    Filme visto no 41º Toronto International Film Festival, em setembro de 2016.

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    Comentários

    • Ricardo da Mata
      Deveria existir uma lei proibindo musicais no palco e na tela.
    • Ronaldo Andrade
      Curti seu comentário por uma única razão: posso não concordar com nada que voce escreveu, mas aplaudo o teu legítimo exercício de sua opinião própria. Abaixo a unanimidade que, dizia Nelson Rodrigues e eu assino embaixo, é burra!!! De minha parte, foi apenas mais um filme. Longe de fazer história ou de marcar o meu espírito como O Poderoso Chefão, Metrópolis, As Vinhas da ira, Street Car Named Desire (na única versão sublime, com Marlon e Vivien), Blade Runner, Uma Simples Formalidade, a trilogia colorida de Kieślowski, ou, mais recentes, A Forma da Água e Três Anúncios para Um Crime. O da matéria, por outro lado, apenas engraçadinho... Já deletei...
    • cinaria COSTA
      Filme ruim, sem nada de interessante pra contar! bobo!
    • Zé Luiz
      O que eu acho interessante em críticas, ou melhor dizendo, comentários, é que só são válidos se forem bons e enaltecerem o filme. Discordar faz parte de viver nesse mundo, assim como tem e existirá filmes que eu irei amar e outros odiarem. Se minha crítica for negativa diante da tremenda fossa que esse filme é, quem não concordar, passa a diante, é tão simples. Foram as duas piores horas da minha vida, eu odiei todo o filme em todos os aspectos. Superestimado, sem sal e nem açúcar, as cenas de dança extremamente e visivelmente robótica, a péssima atuação da atriz principal, o sono constante que senti na sala de cinema, o tédio, queria que existisse uma fórmula para desver. Totalmente uma perda de tempo. Eu odiei esse filme.
    • Greg
      nossa que crítica hein, e que nota kkkfilme mais besta que já vi na vida.
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