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    Jogada de Rei
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    Jogada de Rei

    Redenção

    por Francisco Russo

    O cinema americano tem um longo histórico de produções onde o preconceito racial (e social) é explorado, fruto do histórico de discriminação que moldou a sociedade dos Estados Unidos nos últimos séculos. Uns são mais incisivos, vide o recente 12 Anos de Escravidão e o emblemático Mississipi em Chamas, outros preferem abordar sua existência sem necessariamente apontar o dedo na cara. Jogada de Rei, novo drama capitaneado por Cuba Gooding Jr., pertence ao segundo grupo, o que não significa que seja incapaz de passar seu recado sobre o assunto.

    Baseado em uma história real, o longa-metragem acompanha a saga de Eugene (Cuba), um ex-presidiário recentemente solto que precisa encontrar um emprego para se manter. Sem alternativas, ele aceita o baixo salário oferecido para trabalhar como faxineiro em uma escola barra pesada. Não demora muito para que uma professora, temendo as ameaças feitas pelos alunos, saia dali correndo. Eugene cai de pára-quedas na turma, inicialmente como monitor temporário.

    Jogada de Rei bebe da mesma fonte de filmes no estilo Mentes Perigosas, Ao Mestre, Com Carinho ou Vem Dançar, onde um professor idealista chega a uma turma problemática e implementa ali uma nova metodologia de trabalho que acaba conquistando ao menos parte dos alunos. Diante disto, é inevitável dizer que trata-se de um filme previsível. Entretanto, é também um filme bastante honesto sobre o que se propõe a ser, apresentando de forma correta a proposta do ensinamento através do xadrez. Muito graças à consistência da própria filosofia apresentada, na qual o xadrez pode ser um meio através do qual se aprenda a pensar antes de agir.

    Além disto, Jogada de Rei tem como ponto positivo as boas atuações de Cuba Gooding Jr., refletindo o contraste entre o que foi e a referência moral que se torna, e do novato Malcolm M. Mays. É bem verdade que o relacionamento entre eles tem uma boa dose de clichê, especialmente na inevitável aproximação, mas na história como um todo até que funciona. Entretanto, o mais interessante do filme talvez seja a passagem pela questão do preconceito social, tão comum no Brasil, em um ambiente elitizado como é o do xadrez. Sem tom panfletário nem gritos histéricos, mas mostrando algo que acontece e reagindo na mesma medida. Um tapa com luva de pelica, impulsionado pelas superação das deficiências decorrentes de tantos anos de discriminação.

    Por tudo isso, trata-se de um filme interessante. Esquemático e um tanto quanto óbvio, é verdade, mas com um contexto bem fundamentado pela história e defendido de forma competente pelo elenco.

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