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    S.O.S. - Mulheres ao Mar
    Críticas AdoroCinema
    2,5
    Regular
    S.O.S. - Mulheres ao Mar

    Para as mulheres

    por Francisco Russo

    O sucesso comercial das comédias brasileiras fez com que uma enxurrada de filmes do gênero fossem produzidos no cinema nacional, boa parte deles ancorado em algum comediante popular. Neste sentido, pode-se dizer que S.O.S. - Mulheres ao Mar vai na contramão: seu elenco é formado por atores bastante conhecidos, que até interpretaram personagens com momentos cômicos, mas não são especialistas no gênero – a exceção fica por conta de Thalita Carauta, do programa Zorra Total, que é coadjuvante. Entretanto, conceitualmente falando, talvez seja esta a única diferença de S.O.S. – Mulheres ao Mar em relação às demais comédias recentes.

    A primeira semelhança vem da nítida estética televisiva, seja pelos enquadramentos ou até mesmo pela simples apresentação do título do filme. A sensação de “TV no cinema” é onipresente, por mais que o filme conte com o requinte de ter cenas rodadas dentro de um transatlântico de luxo. Neste sentido, é inevitável a comparação com Meu Passado Me Condena, que usou o mesmo artifício. Ao contrário do filme estrelado por Fábio Porchat e Miá Mello, onde as tomadas eram quase sempre bem fechadas devido ao pouco espaço disponível, em S.O.S. – Mulheres ao Mar o elenco teve um pouco mais de liberdade. É possível ver alguns planos abertos e os atores de corpo inteiro (ou quase), o que ajuda a melhor ambientar o espectador.

    A segunda semelhança vem do roteiro – e, neste ponto, não é à toa o fato dele ter sido escrito por Marcelo Saback, dos dois De Pernas pro Ar. Claramente voltado para o ponto de vista feminino, o filme abusa de estereótipos de todo tipo. Seja em relação aos homossexuais, aos estrangeiros ou ao comportamento das próprias mulheres nos relacionamentos amorosos, certas piadas são tão batidas que soam antiquadas. Mais do que isso: a primeira metade do filme bate firme na tecla de que uma mulher precisa se agarrar a um homem, custe o que custar – como se não houvesse felicidade caso esta fórmula não fosse seguida. Apenas na metade final, quando a personagem de Giovanna Antonelli enfim descobre a liberdade, é que a história ganha ares de modernidade.

    É curioso também notar uma certa dualidade no roteiro: enquanto há cenas bem ingênuas – a forma como Dialinda (Thalita Carauta) entra no cruzeiro, o susto com a possível homossexualidade de André (Reynaldo Gianecchini) -, o filme mantém um lado apimentado, com trocadilhos envolvendo questões sexuais – “ainda bem que a palavra que errei não foi bruschetta”, por exemplo. Nada explícito nem grosseiro, é verdade, mas há um contraste no filme que é bem próximo da postura do brasileiro, um cadinho aqui e outro ali, mesclando o sacro e o profano ao mesmo tempo.

    Diante desta ausência de novidades em relação ao formato, S.O.S. – Mulheres ao Mar traz como atrativo o carisma de seu elenco. Especialmente Giovanna Antonelli, que se destaca ao compor uma personagem que vai do inferno ao céu, brilhando especialmente na cena em que faz um dueto com Emanuelle Araújo – de longe, a sequência mais divertida do filme. Thalita Carauta e Fabiula Nascimento também têm bons momentos, mas ambas esbarram nas limitações de suas personagens: enquanto uma é ingênua até demais, a outra é fogosa e ponto final. Não há variações de comportamento para ambas, o que acaba limitando bastante seu trabalho.

    Com um elenco dedicado e belas cenas aproveitando a luminosidade do verão nas cidades de Veneza e de Roma, S.O.S. – Mulheres ao Mar é melhor que exemplares recentes da comédia nacional, como Crô e os dois Até que a Sorte nos Separe. Por outro lado, é também o pior trabalho da diretora Cris D'Amato no cinema, que esteve nos bons Sem Controle e Confissões de Adolescente. Um filme leve, que aposta na fórmula da comédia romântica, com um claro objetivo: agradar o público feminino.

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