Minha conta
    John Wick - De Volta ao Jogo
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    John Wick - De Volta ao Jogo

    Quem tem medo de Keanu Reeves?

    por Bruno Carmelo

    De Volta ao Jogo é um filme que se apresenta de duas maneiras muito distintas ao espectador. A primeira delas, predominante nos 30 minutos iniciais, sugere que estamos diante de um filme de ação sério, sobre o antigo matador de aluguel John Wick (Keanu Reeves), que perdeu a esposa e passou a cuidar com grande carinho de um cachorro que ela lhe tinha oferecido como presente. Até o dia em que o filhotinho é assassinado, levando o sangrento John Wick a retomar as armas e matar dezenas de pessoas para honrar a lembrança do animal – e da esposa, por associação.

    Esta primeira parte estabelece uma série de absurdos que beiram o patético, mas nunca atravessam a fronteira da comédia. John Wick trabalhava para a máfia russa de Nova York, o cachorro é morto acidentalmente pelos mesmos mafiosos. Ele assassinou centenas de pessoas no passado, mas quando decide se aposentar durante o período de luto, não é incomodado por ninguém. Durante um acidente, enquanto está jogado nas ruas, coberto de sangue, ele retira o celular do bolso e assiste a um vídeo amoroso da esposa, enquanto gotas de sangue escorrem na tela do aparelho. O personagem é um perito ao volante, e às vezes se exibe ao público fazendo manobras sozinho em um grande terreno, sem motivo aparente (estaria expiando a dor do luto?).

    Então, lá pelos 30 minutos, um policial entra na casa de John Wick, logo após o protagonista liquidar uma dezena de matadores dentro de sua casa. O policial observa os cadáveres e outros homens agonizantes no corredor, pergunta se Wick está trabalhando de novo, e diz que não pretende incomodar. “Boa noite, John”, responde o policial, e vai embora. A partir deste ponto, De Volta ao Jogo passa a assumir o seu lado cômico. A produção nunca se transforma em uma paródia ou caricatura, mas ela permite ao público assistir à história de maneira despretensiosa – afinal, os próprios personagens não se levam a sério. Esta leitura mais leve serve melhor ao espectador que conseguir abandonar o desejo de realismo e aproveitar a demonstração de testosterona na tela.

    Keanu Reeves contribui muito à sensação de um filme de ação diferente dos demais. O ator, conhecido pela pouca expressividade, está distante das caras e bocas de Nicolas Cage, por exemplo, quando tenta demonstrar raiva ou tristeza. Reeves também tem o corpo mais franzino que outros astros de ação como Vin Diesel e Jason Statham, tornando engraçado que este homem aparentemente calmo, apático e magro seja o grande terror de todos os vilões da cidade. A história se diverte construindo o mito John Wick, com dezenas de personagens ressaltando a importância dele: “Você sabe com quem você mexeu? Aquele homem é John Wick! Ele vai te perseguir e te matar!”, “Meu Deus, John está de volta? Não é possível!”, “Eu conheço as suas reuniões de trabalho, John, alguém sempre termina morto”, e assim por diante. Então a câmera ironicamente se vira para o sujeito de aparência zen, afagando seu cachorrinho.

    Uma grande surpresa em De Volta ao Jogo é a violência das cenas de ação. Ao contrário das produções recentes em Hollywood, repletas de mortes sem sangue (Os Mercenários 3 ganhou a branda classificação 13 anos, por exemplo), esta produção aposta em cenas cruas de tiros à queima-roupa, facas enfiadas na jugular e litros de sangue jorrando para todos os lados. Não é todos os dias que se vê um herói metralhando um padre dentro da igreja, ou dando tiros no rosto de seus adversários. Mas John Wick corresponde ao típico fora da lei dos filmes B de antigamente, do tipo que não serve de lição para ninguém. Ele é tão cruel quanto os homens que mata, tornando-se um misto interessante entre herói e anti-herói.

    Outro fator a destacar é a direção, comandada pela dupla de dublês profissionais David Leitch e Chad Stahelski, ambos sem experiência prévia como diretores. Eles não criam grandes momentos de cinema, mas tornam as lutas mais eficazes e empolgantes do que na maioria das produções recentes, incluindo ótimos tiroteios dentro de um quarto e brigas bem coreografadas no subsolo de um hotel. Os planos são mais abertos e a edição é menos fragmentada do que nas produções típicas do gênero, tornando o espetáculo mais físico e brutal. De Volta ao Jogo conquistou uma classificação etária alta nos Estados Unidos, e foi proibido aos menores de 18 anos no Brasil, o que vai reduzir a perspectiva de sucesso nas bilheterias. Mas é interessante ver um filme destes, fiel aos clichês do gênero até o limite do risível, abrindo mão do seu potencial comercial para caprichar na carnificina. O público adulto agradece.

    Quer ver mais críticas?

    Comentários

    • Luiz Cristiano
      Crítica pretensiosa e falha sob todos os aspectos... de quem não entendeu a jogada de mestre. Um dos melhores filmes de ação de todos de tempos, é emblemático em cada cena e já virou cult.
    • Cátia Neves
      Perfeito!
    • Cátia Neves
      A impressão q eu tenho é q a pessoa q escreveu nem assistiu o filme
    • Cátia Neves
      Perfeita sua crítica!
    • José Renato De Souza
      Perfeito!
    • Nuno
      Essa crítica e de alguém que não viu o filme, ele não se aposentou para um período de luto, ele se aposentou quando conheceu a mulher e provavelmente resolveu se casar por isso quis sair. Outra coisa em que parte do filme isso acontece? Então a câmera ironicamente se vira para o sujeito de aparência zen, afagando seu cachorrinho. Mais uma Durante um acidente, enquanto está jogado nas ruas, coberto de sangue, ele retira o celular do bolso e assiste a um vídeo amoroso da esposa, enquanto gotas de sangue escorrem na tela do aparelho. Ele não está coberto de sangue por causa do acidente.
    • Rodrigo Oliveira
      O choro é livre! Fez crítica de merda e ainda hoje bate o pé falando que o filme é ruim! Acho que quem assiste novela aqui é vc, hein, já que de cinema demonstrou não saber merda alguma! Bjundas!
    • Enio
      kkkk é incrível como vcs não entendem.. vou ter que desenhar?nem tudo que vende muito é algo que presta. Provavelmente vc deve gostar de novelas tbm... elas sempre tem audiência! Maria-vai-com-as-outraskkkk
    • Rodrigo Oliveira
      É tão ruim que fez sucesso? Kkkk5 anos e ainda escreve bosta... Kkkk
    • Enio
      John wick 3 apenas confirmou o que eu disse. Na terceira continuação dessa obra infantil, Reeves apelou para cenas e bordões do personagem Neo... Patético!Mas o que importa pra vcs é apenas bilheteria... algo que é quebrado todo ano. Haja visto que a população cinematográfica aumenta (comedores de pipoca), bem como a inflação de várias moedas mundo a fora.Apenas Idiotas impressionáveis.kk
    • Rodrigo Oliveira
      Voltei aqui cinco anos depois apenas para dizer que John Wick 3 ja desbancou a bilheteria de Vingadores nos Estados Unidos, provando que vc e o crítico do Adoro Cinema são dois idiotas que não entendem porra alguma de filme mesmo...
    • Diego M.
      concordo com vc.
    • Diego M.
      falou tudo. Impecável.
    • Fernando V
      Penso como você hs! Assim como na música, os filmes, quanto ao gênero, não agradam todos. Uns com simpatia e identificação, outros sem nenhum sentido ou sentimento. As vezes é melhor não opinar né?
    • Fernando V
      O filme é muito bom no que se propõe, cenas de ação muito bem produzidas numa única tomada, Historia sem muitas firulas, filme gostoso de assistir. Concordo com Roberto Szabunia, O filme lembra muito Charles Bronson na série Desejo de Matar, e outros da mesma época.
    • Fabricio Pacheco
      Excelente filme de ação! Entretenimento puro pra quem gosta do gênero! O filme não se propõe a apresentar uma trama complexa, pelo contrário, o enredo é o mais raso possível e o desenvolvimento do protagonista é super minimalista, obvio que isso tudo é proposital. A única função da historia é dar um motivo de vingança pro John passar o rodo em todo mundo. É o mesmo estereotipo de heroi solitario de quadrinhos que mata todos os criminosos sozinhos? É. Porém a magia está em como ele faz isso. Sem clichês de montanha de músculos ou super explosões ou atuação super dramática. Frio, calculista, eficiente, implacável como um assassino de aluguel deveria ser. Ele se propoe a fazer um serviço e conclui ele da forma mais direta possivel. Alias achei excelente a quebra da catarse na morte do primeiro antagonista, todos esperam uma vingança cruel, mas ele faz da forma mais rápida possivel (realmente não há razoes pra um assassino ficar enrolando ou fazendo graça, completou o objetivo VAZA). Eu gosto de filmes cabeça tbm, mas nao da pra comparar alhos com bugalhos.
    • hadanfporfrio
      Concordo com o que disse, Rodrigo, mas há alguns tons cômicos sim, ainda que numa classificação de humor negro, como a cena do policial citada pelo crítico, o diálogo do pessoal da limpeza no reencontro com o protagonista e o chefão mafioso falando com o filho sobre Baba Yaga. Não quis especificar para não estragar eventuais surpresas de quem ler mas ainda não assistiu e você sabe a que me refiro exatamente. No mais, anuo com o que disse.
    Back to Top