Apesar de ter como título Ben-Hur, o filme dirigido por Timur Bekmambetov não pode ser considerado como uma refilmagem do clássico dirigido por William Wyler. Mesmo se levarmos em consideração o fato de que alguns elementos das histórias dos dois filmes serem muito parecidos, a verdade é que a motivação por trás do Ben-Hur interpretado por Charlton Heston é muito diferente da do Judah Ben-Hur interpretado por Jack Huston.
No filme de Timur Bekmambetov, Ben-Hur e Messala (Toby Kebbell) foram criados como irmãos e, mesmo o destino tendo separado os caminhos que eles passaram a percorrer, eles mantiveram o cultivo de uma relação de amizade e de respeito, que, infelizmente, não resiste à divisão – e ao domínio político – que os romanos impetraram durante aquela época, especialmente na Jerusalém de Ben-Hur – aqui é importante ressaltar o fato de que Messala retorna ao seu antigo lar na condição de um dos mais proeminentes oficiais do exército romano.
Dessa maneira, quando encara a escravidão e o fim cruel que teve a sua família, o que passa a mover Ben-Hur, mais do que o desejo de ser livre novamente, é a vontade de se vingar de todo o sofrimento que lhe foi causado pelas decisões equivocadas tomadas por Messala no exercício de seu dever. Importante observar, no entanto, que, no desenho do plano de vingança de Ben-Hur, o roteiro escrito por Keith R. Clarke e John Ridley, ainda encontra espaço para uma trama de redenção, unindo a trajetória do príncipe Judah Ben-Hur com os caminhos tortuosos percorridos pelo filho do Rei, Jesus Cristo (Rodrigo Santoro).
Chama a atenção em Ben-Hur a maneira segura com que Timur Bekmambetov conduz a trama, captando por completo a atenção da plateia. O diretor cazaque também impressiona na maneira como concebeu a técnica de seu filme, com destaque para os ótimos trabalhos de direção de arte, figurinos e, principalmente, efeitos visuais e montagem – notem a excelente maneira como a cena da tradicional corrida de bigas é mostrada.
Por isso mesmo que chega a ser decepcionante a maneira como, após o grande clímax emocional que é a cena que retrata a conquista da liberdade de Ben-Hur, o filme se perde por se estender desnecessariamente, na tentativa de aparar todas as arestas entre Ben-Hur, Messala e seus familiares – já que, dentro da motivação principal dessas personagens, a história estava encerrada muito tempo atrás...