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    O Juiz
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    O Juiz

    O verniz se descasca

    por Renato Hermsdorff

    O Juiz é uma produção pretensiosa e, ao mesmo tempo, pouco ousada, do Team Downey. Primeiro porque tenta declaradamente recuperar o prestígio do “filme de tribunal”, subgênero que já cativou Hollywood no passado com títulos como 12 Homens e uma Sentença e A Escolha de Sofia, mas soa calculado demais, o que leva a uma obra arrastada e sem o mesmo charme – ou impacto.

    Segundo porque a primeira produção da companhia (Team Downey é a produtora fundada por Robert Downey Jr. e sua senhora, Susan Downey) traz o seu ator no papel de um homem rico, bonito, que tem o cabelo da moda, veste o terno mais bem cortado; é confiante, bem sucedido na profissão e, como se não bastasse, tem uma tirada esperta para cada ocasião. Quem não pensou em Tony Stark Homem de Ferro que atire a primeira pedra.

    O Hank Palmer (Downey Jr.) de O Juiz em muito se assemelha ao milionário super-herói da Marvel – assim como o Marvin (Chef), Sherlock Holmes (Sherlock Holmes), Peter Highman (Um Parto de Viagem), só para citar alguns papéis mais recentes. O selo de piadista descolado tem se fundido com a própria imagem do ator. E, claro, também o alçou à categoria de um dos mais bem pagos da indústria americana atualmente – ou seja, parte-se, aqui, da máxima de que não se mexe em time que está ganhando. Dinheiro, no caso.

    O que falta, então? Com a produção, o casal não só procura apostar na recuperação de uma tradição do filme muito falado, como também dar um verniz artístico à obra.

    A história: advogado bem sucedido, bom de lábia mas nem tanto de moral (ele mija num colega de profissão no intervalo de um julgamento logo no início do filme), retorna à cidadezinha onde cresceu para velar a mãe. Na noite do enterro, o pai dele (o juiz manda chuva da cidade vivido por Robert Duvall, com quem não tem uma boa relação) é acusado de assassinato. Apesar de toda rusga entre os dois, o menino prodígio decide estender sua estada para defender o progenitor. Como se não bastasse, o pai sofre de câncer. A partir daí, segue uma sucessão de clichês em busca da redenção neste drama de família.

    O Team, que não é bobo, não escalou Duvall à toa. A interpretação do respeitado ator, ganhador do Oscar por A Força do Carinho (1983), é o ponto alto do filme. E ele protagoniza uma ou duas cenas de debilidade de seu personagem que são as mais sinceras e tocantes deste O Juiz.

    Justiça seja feita: Downey Jr. está ótimo no papel de Downey Jr. Há situações/ piadas bem engraçadas. Mas o choro induzido acaba com a chance de um veredito favorável.

    Filme visto no 39º Festival Internacional de Cinema de Toronto, em setembro de 2014.

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    Comentários

    • Cecéu Carvalho
      Gosto de ler a crítica dos críticos para descartá-las na mesma hora. Na maioria das vezes eles - os críticos - fazem questão de desfilar seu vasto conhecimento de obras anteriores dos atores, atrizes e diretores envolvidos para abalizar e avalizar suas opiniões. A crítica do renomado crítico (como é o nome dele mesmo?) foge completamente à realidade dos fatos apresentados na tela. Trata-se de um baita filme com atuações soberbas, dos protagonistas - Downey Jr e Robert Duval - aos coadjuvantes, sem exceção. Se fosse meu filme, evitaria a cena final no barco - pieguice desnecessária que nada acrescenta, mas também não é suficiente pra manchar o que foi visto até ali. Uma das melhores interpretações de Downey Jr, mostrando facetas pouco exploradas em seu repertório. Repito: baita filme.
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