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    Amazônia
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    Amazônia

    Planeta verde

    por Lucas Salgado

    Diretor do belo e chamativo documentário O Planeta Branco, o francês Thierry Ragobert agora pretende contar a história do planeta verde em Amazônia. O cineasta, no entanto, acabou realizando uma opção bem interessante ao abrir mão um pouco do lado documental e investir em uma história ficcional cuja protagonista é a fauna e a flora da floresta amazônica.

    Na verdade, o longa possui um protagonista mais específico, um macaco-prego. Criado em cativeiro, o animal acaba solto em plena floresta após um acidente de avião. A partir daí, acompanhamos esta jornada de descoberta do ambiente hostil a partir do ponto de vista de uma figura tão alienígena quanto o próprio espectador.

    A trama, coescrita pelo brasileiro Luiz Bolognesi (Uma História de Amor e Fúria), começa no Rio de Janeiro e acompanha parte do voo em que está o animal. As tomadas aéreas reforçam o 3D, mas soam um pouco artificiais. O longa acontece mesmo é ao chegarmos à selva. A fotografia reforça toda a diversidade da flora e, principalmente, da fauna.

    Em sua jornada, o macaquinho se depara com inúmeros animais, muitos deles perigosos como cobras, onças e jacarés. Neste sentido, o filme é eficaz em fazer o público criar uma ligação com seu protagonista. É muito difícil não ficar tenso (e muito) ao ver o bichinho olhando atentamente, e de muito perto, uma cobra.

    Por mais que soe um pouco repetitivo e muito expositivo, lembrando programas do Nat Geo ou do Animal Planet, Amazônia é mais do que uma sucessão de imagens extraordinárias. Ainda que a história principal seja bem superficial, é difícil não embarcar na aventura do macaco. Por sinal, a "seleção do elenco" foi extraordinária, com o próprio diretor revelando ao AdoroCinema que tiveram muita sorte ao encontrar um animal muito "talentoso". E isso é mesmo uma realidade, uma vez que o longa explora bastante todo o expressionismo do bicho, nos fazendo sentir diretamente o que ele sente, seja o medo, a insegurança, a surpresa ou até a felicidade.

    Como não poderia deixar de ser, a coprodução França-Brasil tem um pano de fundo ambiental, com um animal que atinge seu "objetivo na vida" apenas quando consegue viver solto. Além disso, o filme conta com uma sequência que destaca o desmatamento na região, que surge em contraponto com todas as belezas naturais retratadas. Neste momento, temos o universo cinza se impondo frente ao verde.

    Mas mesmo que não force uma mensagem politicamente correta, Amazônia é eficaz ao passar uma visão um pouco otimista, com a natureza prevalecendo. E faz isso sem precisar dizer uma palavra ou colocar legendas na tela, um mérito incrível do roteiro.

    O crédito pelas imagens contidas nesta matéria são de Araquém Alcântara.

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