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    Life Itself - A Vida de Roger Ebert
    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    Life Itself - A Vida de Roger Ebert

    Lenda crítica

    por Lucas Salgado

    Primeiro crítico de cinema a conquistar o prêmio Pulitzer e a receber uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood, Roger Ebert faleceu no início de 2013, aos 70 anos, quando o diretor Steve James já havia começado a rodar um documentário sobre sua vida. O resultado é justamente este Life Itself - A Vida de Roger Ebert, que infelizmente teve que ser finalizado após sua morte.

    O documentário é muito importante para retratar aquele que, ao lado de Pauline Kael, é um dos maiores nomes da crítica cinematográfica, face da indústria do cinema que normalmente fica às margens da grande tela. Só por isso, o filme já valeria. Mas é mais que isso. Não é apenas sobre um crítico. É sobre um indivíduo único, um profissional memorável e uma trajetória repleta de elementos complexos. Alcoolismo, solidão, disputas no trabalho, luta contra o câncer e encontro do grande amor... Tudo isso faz parte da história de Ebert.

    O longa conta um pouco do início da carreira de Ebert no jornalismo, atuando com destaque desde os tempos do jornal universitário. No Chicago Sun-Times, recebe o posto de crítico de cinema sem nem mesmo ter pedido. A partir daí se dedica à função e se torna um dos nomes mais influentes do jornalismo norte-americano.

    Ele começa a trabalhar como crítica num período importante de mudança no cinema dos Estados Unidos, com a chegada da geração dos anos 60/70, abordada no livro "Easy Riders Raging Bulls - Como a geração sexo, drogas e rock and roll salvou Hollywood", de Peter Biskind. Ebert surge ao lado de nomes como Martin ScorsesePeter BogdanovichArthur Penn e companhia.

    Life Itself tem alguns problemas de ritmo, contando com trechos narrados da autobiografia de Ebert que parecem um pouco jogados. Por outro lado, conta com momentos impagáveis e depoimentos de nomes como Scorsese e Werner Herzog. É interessante notar que o crítico ficou amigo de vários cineastas sem deixar isso atrapalhar as análises de suas críticas. É curioso ver Scorsese falando sobre o texto de Ebert em que ele detona A Cor do Dinheiro. Por outro lado, o cineasta é o primeiro a reconhecer a importância do crítico em sua carreira, até para se livrar das drogas e da depressão.

    Roger Ebert mereceria um documentário de 4 horas, como os que Scorsese gosta de fazer sobre músicos, mas é eficiente em seus 115 minutos de duração. Fica a sensação de que poderia se aprofundar mais com a relação do crítico com filmes e diretores específicos, mas não decepciona ao focar sua atenção na parceria com Gene Siskel e no casamento com Chaz Ebert.

    Ao final, é difícil não se emocionar com a luta de Ebert contra um câncer que insistia em voltar, ao ponto de que ele começava a refletir se valia a pena lutar. O diretor retratou algumas das últimas passagens do crítico pelo hospital, o que rende momentos bonitos - ressaltados pelo senso de humor de Ebert - e outros desoladores.  

    Filme assistido durante a cobertura do Festival do Rio, em setembro de 2014.

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