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    Rio 2
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    Rio 2

    Ararinhas unidas jamais serão extintas

    por Francisco Russo

    “Alô, Rio! Vem brincar com nós” (sic). O chamado está logo na abertura de Rio 2, com direito à tradicional trilha sonora da 20th Century Fox embalada ao som de samba. É réveillon, momento de festa, com direito à toda a fauna típica da festança na praia de Copacabana. Entre eles, estão os heróis do longa-metragem: Blu, Jade, seus três filhotes, os amigos pássaros e canino. Todos juntos para celebrar a virada de ano e, implicitamente, o novo filme. Afinal de contas, Rio foi um tremendo sucesso internacional: faturou US$ 484 milhões mundo afora, sendo que apenas US$ 143 milhões foram obtidos nas bilheterias americanas. Ou seja, a cultura carioca para exportação caiu no gosto do público. Nada mais natural que uma sequência a caminho.

    Só que, apesar do título, o Rio de Janeiro em si aparece pouco. Após a sequência inicial em pleno ano novo, o filme não perde tempo em justificar a ida dos pássaros rumo à Amazônia. O motivo é a possível existência de outras ararinhas azuis, o que desperta em Jade a vontade de encontrá-los. Desta forma, lá vão todos em um passeio pelo interior no Brasil rumo a Manaus. Prato cheio para que o diretor Carlos Saldanha explore, visualmente, algumas características de cidades como Ouro Preto, Brasília e Salvador, oferecendo ao espectador um rápido olhar pela diversidade cultural brasileira em meio a paisagens belíssimas, recriadas em animação.

    O grande problema de Rio 2 é que, entre os diversos rumos que poderia seguir, preferiu o mais óbvio. A trama mais uma vez aposta no conflito entre a vida selvagem e a civilizada, desta vez retratado através de Blu e seu sogro, que vive em plena floresta amazônica. A história traz ainda uma ararinha azul com pinta de galã, que, é claro, dá em cima de Jade. Não é preciso pensar muito para reconhecer esta trama básica: é bem parecida com a de Entrando Numa Fria, onde Ben Stiller enfrentava problemas com o sogrão interpretado por Robert De Niro e ainda tinha a ameaça de Owen Wilson por perto da esposa. Preso à uma narrativa clichê, o filme perde bastante em originalidade e, ainda por cima, cobre as lacunas da história com um número excessivo de sequências musicais – algumas bonitas, é verdade, mas quase sempre desnecessárias à história como um todo.

    Diante deste problema, Rio 2 acaba demonstrando fôlego apenas nos personagens coadjuvantes e nas diversas referências à cultura pop, como a ótima recriação de “I Will Survive”, as citações a “Cats” e Flashdance e a seleção de talentos em plena selva, que reserva pérolas como as tartarugas capoeiristas, o bicho preguiça e a orquestra de mosquitos. São todas piadas rápidas, às vezes com menos de um minuto, que provocam risadas momentâneas apenas. O filme tem ainda um sério problema de ritmo, já que as subtramas são criadas e abandonadas no decorrer da história para apenas serem retomadas muito tempo depois. É o caso do casal Túlio e Linda e até mesmo do trio liderado pelo vilão Nigel, que simplesmente somem durante boa parte do filme.

    Entretanto, por mais que tenha problemas de narrativa, é de se ressaltar a qualidade na animação de Rio 2 e a criatividade nos novos personagens. A sapinha Gabi é um achado, pelo tom trágico associado a ela, e o tamanduá Carlitos deixa o gostinho de quero mais. Por outro lado, a insistência em trazer de volta todos os personagens do primeiro filme acaba sendo um tiro no pé, já que vários deles ficaram sem função na trama. Apesar disto, trata-se de um filme leve e colorido, que diverte em alguns momentos. Inferior ao original, mas ainda suficiente para prender a atenção da criançada sem aborrecer os pais que irão acompanhá-las.

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