Minha conta
    Cinquenta Tons de Cinza
    Críticas AdoroCinema
    2,5
    Regular
    Cinquenta Tons de Cinza

    Muito beijo, pouca mordida

    por Renato Hermsdorff

    Christian Grey (Jamie Dornan) é jovem, discreto, podre de rico, dono de um tanquinho invejável; Anastasia Steele (Dakota Johnson) é mais jovem ainda, estudante de literatura e inocente. É a partir do encontro desses dois personagens que se constrói a trama central de Cinquenta Tons de Cinza. Dois arquétipos (no caso, clichês mesmo) que, se não fosse por um gosto peculiar do Sr. Grey (como ele gosta de ser chamado) passariam despercebidos no imaginário coletivo mundial: ele é adepto do BDSM (Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo).

    A informação faz sentido para o caso de você ter hibernado nos últimos quatro anos. Baseado na obra da escritora E. L. James lançada em 2011, a adaptação hollywoodiana da diretora Sam Taylor-Johnson para a história que já vendeu mais de 100 milhões de exemplares no mundo todo (a trilogia), no entanto, está mais para o make love do que para o fuck, ao contrário do que preconiza o protagonista.

    Para além das frases de efeito (que ele pronuncia), da voz sussurrada (que ela entoa), das interpretações sofríveis (na verdade, bem mais dele do que dela, Dornan, quase robótico, parece ter sido orientado a seguir contido, mas só transparece tensão), uma trilha original de um pornô de quinta e de todo o riso involuntário que o conjunto provoca, há, sim, nudez a dar com pau, como se diz (muito mais dela do que dele, há de se observar o conservadorismo). E esse é o ponto “ousado” (aspas que se justificam pelo caráter da discriminação de gênero) do filme.

    Passada a primeira metade de um moralismo vergonhoso (além de exigir exclusividade na relação, ela nem sequer pode consumir álcool, a pedido do "dominador"), os dois embarcam na relação sexual propriamente dita. Há boas cenas, de fato bem dirigidas, mas, ao contrário do que se poderia imaginar, o sexo é politicamente correto no trato, asséptico (ninguém sua) até na construção do cômodo que deveria ser palco de altas sacanagens – e com câmera lenta para suavizar a chicotada.

    E a narrativa é contraditória. O personagem que bate o pé ao dizer que não é do tipo “corações e flores”, na cena seguinte está passeando de mãozinhas dadas com a donzela indefesa. Apesar de machista, a submissão de Ana não chega a ser misógina, afinal, é consentida e prevista em um inacreditável e literal contrato, como os de aluguel, dos mais chatos, que ele propõe – e cujas cláusulas mais “chocantes” ela faz questão de excluir, em mais uma atitude retrógrada. 

    Era de se esperar, no entanto. Hollywood não gosta de quebrar tabus. Mas o buraco é mais embaixo quando, para justificar uma preferência sexual, digamos, não convencional, a obra impõe a necessidade de atrelá-la a um trauma (mesmo que o filme não se alongue na questão), a uma condição “fora do normal”. E precisa de justificativa? O sexo, mesmo o não convencional, não pode ser prazeroso pura e simplesmente (desde que acordado entre as partes)?

    Ok, vamos assumir que se trata de uma história de amor, acima de tudo. Sob essa ótica, Cinquenta Tons de Cinza é (só) mais um melodrama açucarado no cardápio de Hollywood - de final surpreendente, diga-se. Enquanto não se decide se ele cede ao romantismo dela ou se ela abre mão das suas convicções para brincar no mundo dele, há um interessante jogo de perseguição – bem-humorado – entre os dois.

    Mas as situações resultam repetitivas ao longo das duas horas de projeção. E os conflitos seguem fracos. No fim, o filme está muito mais para a palheta sépia mórmon da saga Crepúsculo do que para a sensualidade de cores vibrantes de 9 1/2 Semanas de Amor. Ou seja, muito beijo, pouca mordida.

    Quer ver mais críticas?

    Comentários

    • Garota Paulistana
      Concordo. As mulheres que elogiaram o filme, (não aqui, as que conheço pessoalmente), são todas assim como você descreveu.
    • Cecéu Carvalho
      Porra, como é que uma mulher, MULHER DE VERDADE, aguenta um cara como esse? Continuei, com muito esforço, vendo o filme, e é cada vez mais inacreditável que tenham uma porcaria desse quilate.
    • Cecéu Carvalho
      Não li o livro, mas se o filme (que não consegui terminar) reproduz o conteúdo, fica explicado porque a sociedade humana chegou a esse ponto de estupidez generalizada. Esse lixo vender 100 MILHÕES de cópias evidencia porque estamos ainda nas fraldas da evolução. Quanto ao filme propriamente dito, acho que nem que se esforçassem muito conseguiriam encontrar um ator pior, menos charmoso e carismático do que o intérprete do sr. Grey. O cara é ZERO de presença em cena, parece um robô recitando diálogos que, aliás, são péssimos, ridículos. Na melhor das hipóteses só pode agradar adolescente retardado.
    • Juliana Lopes
      O filme tem continuação, são 3 ou 4 filmes se não me engano
    • mateus marino m
      ESTÁ MAIS PARA 50 TONS DE BOSTA. Qual o problema dessa moça, qualquer pessoa normal fugiria de um filho da P%#@ como o babaca do Christian Grey. os diálogos são horríveis e parecem que saíram da mente de um tarado, as cenas de romance uma bosta forçada, resumindo um lixo e um péssimo exemplo para adolescentes com baixa autoestima.
    • Alice horrana
      Eu amei o filme.. todos os atores.. elenco de parabéns! Amo muito a história .. perdi as contas de quantas vezes assistir! Pena que não tem continuação!
    • Kanashiangell
      O filme é uma porcaria, os atores tambem atuaram muito mal e o pior foi sua critica feminista tendenciosa que é notável o desgosto pela obra em base da sua filosofia e não pelo o que ele representa, criei está conta só pra falar que você não lacrou e ficou horrivel.O filme tem machismo mas o foco das críticas não devem ser sobre isso acredito eu.
    • Rose Hoff
      Esta estória é bizarra, o cara compra a mulher com presentinho e surpresas para ela satisfazer as taras dele...e ela se vende para não dizer outra coisa, se humilha pela atenção dele! Sadomasoquismo puro. Se ama ou não é outra coisa, é uma relação humilhante...e o povo só vê amor!
    • Flavio Santiago
      falou o gordo, pobre e arrogante que não se identificou com um certo personagem e acha que a culpa é do filme.
    • vanessa de souza coelho
      ameiii,perdi as contas de quantas vezes assisti..
    Back to Top