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    Em Transe
    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    Em Transe

    Pode hipnotizar você

    por Roberto Cunha

    Os filmes que costumam "brincar" com a memória do protagonista e do espectador estão longe de ser uma novidade, mas seguem atraindo uma legião de apreciadores do gênero por sua capacidade de prender a atenção. Em Transe, como o próprio título já sugere, bebeu generosos goles nessa fonte e promete deixar o público presente na sala escura com a pulga atrás da orelha.

    Na história, Simon (James McAvoy) trabalha como leiloeiro e seus lances mais altos costumam ser fora dali, no mundo da jogatina. Com a corda no pescoço por não ter cacife para bancar seu vício, ele tentou algumas alternativas para se livrar do mal, mas foi um gatuno endinheirado (Vincent Cassel) que limpou sua barra. Esse mesmo "financiador", porém, dá um forte pancada na cabeça dele após uma tentativa de roubo e provoca amnésia. Começa aí uma pressão insana para ele revelar o paradeiro da obra de arte, desaparecida desde então. É quando surge a ideia de recorrer aos serviços da Dra. Elizabeth (Rosario Dawson), uma experiente hipnoterapeuta, capaz de virar a cabeça de todos, inclusive, a sua.

    Produzido e dirigido por Danny Boyle, Oscar com (o ótimo) Quem Quer Ser Um Milionário? e com dezenas de outros prêmios e indicações, Em Transe foi escrito por John Hodge, parceiro do cineasta desde os tempos de Cova Rasa (1994) e Trainspotting (1996), e por Joe Ahearne, profissional com experiência no mercado televisivo. Isso explica as acelerações na trama, que aproveita o universo do protagonista para fazer pequenas inserções de baluartes das artes plásticas (Rembrandt e Goya), misturando-as com um retrato sem floreios do desejo, traição, amor e ambição dos meros mortais.

    Apesar do início fazer uso de um recurso nem sempre bem aceito, como a narração do protagonista, a trama vai se descortinando e rapidamente revela plena capacidade de gerar envolvimento. Embalado por uma boa trilha, não faltarão cenas de extrema crueza (um traço do cineasta), que podem chocar os desavisados, mas são passageiras como a própria nudez "total" de Dawson, alusiva aos nus artísticos e sem pêlos do passado. O resultado é um filme daqueles com virada na trama, que você precisa estar atento para não se perder e que, dependendo do ponto de vista, podem apresentar algumas falhas. Sejam elas a quantidade de balas em uma arma ou um corpo putrefato, que não exala mau cheiro. Mas se você chegar até este ponto, cá entre nós, já foi hipnotizado e sabe-se lá se suas ideias corresponderão aos fatos, como diria o saudoso poeta Cazuza.

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