ópera prima glauberiana, lançado em janeiro de 1980 , em São Paulo, no Belas Artes, na sua menor sala da época, por ser um filme rodado originalmente em 70mm., muito da imagens saiam da tela em direção do teto e paredes vizinhas a desrespeito. Durante perto de 3 hs. de filme, fiquei estonteado ,hipnotizado, do início( com seus dez minutos de escuridão e sons estonteantes) ate o fim.
Filme pra ser visto daqui 30 anos, pensei.
Cai nesse filme por acaso. Aquela coisa do YouTube onde você põe um filme, cochila e acorda em outro. Estava eu vendo o Sonhos do Kurosawa, fechei os olhos em meio a um desfile de figuras mágicas e típicas do Japão , e acordei com um tom épico, orgiastico é uma trilha meio free jazz tosqueira. Pensei , que choque! Sim eu havia caído no imaginário do Brasil, com suas figuras toscas, um cara berrando no fundo o que pareciam ser umas instruções, os atores cômicos e cinicos fazendo seus papos com copos de uísque na mão. A casa parecia aquelas casas de coronel dos anos 70. Enfim, a princípio eu pensei, cai num filme experimental de algum canal de estudante de cinema. Mas olhei melhor e vi o Antonio Pitanga e o Jeveaux Valadão. Aí atinei, isso é Glauber! Sim, ele agora quarenta anos depois pode parecer até um filme de estudante pela precariedade da técnica. Mas por trás disso está uma grande verdade. É ali que se encontra o básico entrelaçado ao eu profundo é complexo do Brasil. E no meio de um evangelho apócrifo onde mais uma vez Deus e o diabo se confundem, está exposto ali, de uma forma que você não gostaria de ver. Você não queria que fosse assim, mas é... o nosso Brasil em roda a sua idiossincrasia. Tudo aquilo está em nós. Tudo aquilo somos nós. Magistral...duro dever, e por isso mesmo brilhante.
Fora do período do Cinema novo ainda sim o filme traz alguns elementos do movimento, mas o que não torna um problema ao filme essas características tornam o filme mais complexo. Sua forma psicodélica enche os olhos e causa uma estranheza, mas o que se deixa passar após ser inserido no filme.
O modernismo que está no longa é exuberante e com um discurso que pode ser colocado nós dias atuais é um filme que atravessa seu tempo. Acessibilidade que um filme a cores traz torna esse filme mais especial, mas que em contra ponto não é revolucionário como foram "Terra em Transe" e "Deus e o "Diabo na terra do sol", esses os quais não tem uso do cinema a cores. Ainda que isso não seja um fator que diminua o filme, a fotografia dos filmes citados são mais elegantes, claro que Gláuber tinha como objetivo trazer loucura a sua estrutura de filmar.
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