Imagine todas aquelas situações que ocorrem no seio da sua família: conversas, críticas, segredos confidenciados durante anos, que vêm à tona quando menos se espera. Agora, imagine esses elementos construídos em um diálogo brilhante, escancarado e áspero, superdimensionados pela imaginação de Tracy Letts e dirigidos com maestria por John Wells. O filme tem um jeito de peça teatral, nada inimaginável, já que é uma adaptação de peça teatral de Tracy, amplamente premiada. Com personagens tipos,porém altamente complexos, o elenco está impecável, notadamente Meryl Streep e Julia Roberts. O cerne do filme é a ocorrência de um evento familiar, um tanto misterioso, que reúne três irmãs que seguiram caminhos diferentes, além daquele tios, primos e afins, que aparecem de tempos em tempos, em momentos trágicos, mas sempre têm algo a acrescentar. O drama, apesar dos momentos de tensão, tem enredo leve, cômico e merece aplausos por transportar o expectador para um microssistema comum, altamente familiar, nada obstante o excesso característico dado aos personagens(do "caipirismo" do oeste norte-americano à subserviência indígena não tão mais usual naquele tempo), mas é possível se enxergar, ou ver a história daquele vizinho, do parente distante, durante as peripécias da obra. A sensação é de folhear um álbum de família e ouvir as histórias desta ou daquela foto, deste ou daquele parente. É o tipo de filme que você não quer que acabe para continuar ouvindo as histórias da família, que, pela grandeza das atuações, direção e roteiro, acaba, por alguns minutos, sendo a sua também. Digno de honrarias, não é estranho que tenha recebido tantas indicações ao Oscar 2014.