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    O Ursinho Pooh
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    O Ursinho Pooh

    O bom e velho ursinho Puff

    por Francisco Russo

    O fenômeno da globalização fez com que o mundo se tornasse mais igual. Se por um lado aproximou as pessoas, por outro eliminou – ou tenta eliminar – características peculiares de certas localidades. É o que acontece com o ursinho Puff, clássico personagem levado pela primeira vez ao cinema em 1977. No mundo moderno, onde a padronização é imposta, ele foi renomeado para Pooh. Agora, em seu novo filme, a mudança é ainda mais drástica. Ao invés de usar no título algo como O Ursinho Puff – ou Pooh, vá lá –, de fácil identificação, a opção foi pela repetição do título original: Winnie the Pooh. Reflexo da globalização, desta vez negativa, já que deixa de lado todo o histórico construído em torno do personagem para empurrar goela abaixo um nome que pouco tem a ver com o público brasileiro.

    Independente do nome, fato é que Winnie the Pooh traz o bom e velho ursinho Puff de volta. Ingênuo, trapalhão, guloso e confuso por natureza. Rodeado por amigos com características bem distintas, como o agitado Tigrão e o deprimido Ió, ele vive aventuras simples, respeitando o universo infantil para o qual é voltado. Desta forma tudo acontece em um ritmo mais lento, com as palavras um pouco mais complicadas sendo explicadas e explorando sensações básicas, como a fome e o medo, como mola-mestra da história. Tudo apresentado de forma graciosa, ressaltada pela bela animação clássica da Disney, feita a mão.

    Um ponto que chama a atenção é a utilização do livro de A.A. Milne, criador de Puff, na própria história do filme. Em vários momentos o protagonista e seus amigos se vêem lidando com letras, parágrafos e páginas, tendo consciência de que estão dentro de um livro. Além de surpreender, o recurso provoca piadas divertidas envolvendo a estrutura de um livro. Para quem sabe inglês, vale reparar que as palavras e letras formam frases refletindo o momento dos personagens, um chamariz a mais para o público menor, que é incitado a também ler.

    O ponto negativo da versão brasileira é a repetição no uso dos dubladores. Orlando Drummond, o eterno Scooby-Doo, dá voz ao Corujão. Isaac Bardavid, o Tigrão, é também o dublador nacional de Wolverine e Selma Lopes, dubladora de Can, é a inconfundível voz de Marge Simpson. Em certos momentos do filme é impossível não lembrar dos outros personagens dublados pelo trio, devido à semelhança de vozes, o que prejudica a imersão na história.

    Winnie the Pooh é um filme voltado para crianças pequenas, em torno de cinco anos, mas que agrada o público maior pela ingenuidade e graciosidade da história, embalada pelas belas vozes de Fernanda Takai e Zooey Deschanel, que cantam as principais músicas. Para os apressados, fica o alerta: vale acompanhar os créditos finais, repletos de pequenas brincadeiras com os personagens, e também pela presença de uma cena extra. Vale a pena esperar.

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